Gazeta Itapirense

Papelão deixa de ser atrativo a catadores de recicláveis

Um dos materiais reciclados mais cobiçados pelos catadores até pouco mais de um ano, o papelão deixou de ser atrativo para quem faz um extra com os materiais recicláveis. E isso não acontece por acaso.

O preço pago pelos “depósitos de sucata”, que chegou a bater na casa de R$ 1,00 por quilo, atualmente está em R$ 0,10. Uma mixaria perto de outros materiais como ferro, alumínio e plásticos do tipo pet.

Fabiana Aparecida Gomes de Souza, que junto com o marido, Gerson Marcatti, o Alemão, administra um depósito localizado na Avenida dos Italianos, não soube explicar as razões dos atuais valores pagos pelas “aparas”, que é o nome dado às lâminas de papelão.

“A única coisa que eu sei é que se trata de um material que sobra nos depósitos. Também deixou de ser atrativo para quem cata sucata há bastante tempo, mais ou menos desde de fevereiro de 2023”, admite.

Segundo apurou A Gazeta, o baixo preço do papelão para reciclagem acontece por vários motivos. O principal é porque há uma grande oferta no mercado e uma menor demanda por parte das indústrias, que têm preferido utilizar a celulose para para confeccionar caixas, ondulados e lâminas.

Outro motivo é que o produto é uma commodity, ou seja, tem o valor regulado nas bolsas internacionais, em especial as de Chicago e Nova Iorque.

Essas bolsas se baseiam na oferta e na procura, além do valor do Dólar, que na média está em queda no Brasil. Portanto, paga-se menos pelo papelão, que sobra no mercado, formando um ciclo de desvalorização.

Para o catador Flávio Francisco dos Santos “não compensa pegar papelão pelas ruas”. Ela cita que o produto contribui para o incremento da sua fonte de renda. “O esforço agora está direcionado para os alumínios e os plásticos diversos”, observou.

O também catador Jesus Batista, de 63 anos, tinha no papelão um importante aliado do orçamento mensal. “Hoje, eu nem pego mais. Não compensa”, relatou.

Os catadores Flávio e Jesus preferem pegar alumínio, ferro e plásticos

De acordo com a Anap (Associação Nacional dos Aparistas de Papel), a necessidade da indústria papeleira por papelão reciclado vem caindo de forma abrupta há vários meses.

Segundo a Associação dos Aparistas, há outros motivos para este cenário e cita a cadeia produtiva do papelão, que é complexa e formada por muitos participantes.

Além dos catadores, que vendem para os depósitos menores, há também os depósitos maiores (os aparistas), que compram dos depósitos menores. Já os aparistas, por vez, acabam vendendo material para as indústrias.

As indústrias, no entanto, têm preferido utilizar a celulose na produção de papel e papelão, em lugar do material reciclável. Desta forma, sobra papelão nos estoques dos aparistas, isto faz com que o valor caia.

Na região central da cidade o papelão se acumula: preço baixo

 

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