Gazeta Itapirense

Editorial: Paradoxo empregatício: desemprego com vagas sobrando

O desemprego brasileiro era preocupante antes da pandemia. Em março de 2020 atingia 12,3 milhões de desempregados, um ano e meio depois estamos com o maior nível desde quando o IBGE iniciou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 14,8 milhões.

Em 2020, o Brasil estava na 22ª posição segundo a agência de risco Austin Rating, que usa como base as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia global. Fechado 2021, o Brasil deverá se tornar o 14º país com a maior taxa de desemprego no mundo. Na nossa frente, dentre os mais desenvolvidos, só a Espanha, e outros como Costa Rica, Barbados, Aruba, Belize, Cisjordânia e Faixa de Gaza, Sudão e África do Sul.

O desemprego influencia negativamente tanto a pessoa que ficou desempregada, provocando problemas relacionados com a saúde física e mental, que sobrecarga os serviços de saúde; como a sociedade em geral, gerando violência e adesão ao crime. O desemprego é seguramente um dos maiores problemas sociais atualmente enfrentados pela humanidade.

Existe uma certa confusão entre emprego e trabalho, é comum ouvir algumas pessoas dizendo: “quer emprego, não quer trabalho”. O trabalho é tão velho quanto a humanidade. É uma atividade social e necessária. Sempre existiu e sempre existirá. O emprego vem do trabalho assalariado para satisfazer os sistemas de produção, de comercio e de serviços. O desemprego é a não possibilidade de trabalhar por um salário determinado, pago conforme combinado. Quem não trabalhar como esperado, sem emprego ficará. Restará ao desempregado, que precisar ganhar a vida, realizar o trabalho que aparecer.

Apesar da alta taxa de desempregados, sobram vagas em três setores da economia – agropecuária, construção civil e serviços prestados a empresas. Nesses setores, vagas tem, o que falta é qualificação para a maioria das oferecidas. Esse fenômeno não é recente, vem de alguns anos.

A taxa de desemprego calculada pelo IBGE não leva em conta o fato de não estar trabalhando, mas quando as pessoas com idade para trabalhar (os maiores de 14 anos) procuram um emprego e não conseguem, seja por inexistência de vagas, seja por falta de qualificação.

A tecnologia não está mudando só a comunicação e o consumo, está impactando o futuro das profissões. Quem não estiver preparado para a evolução do mercado de trabalho, no futuro, apesar da existência de vagas, será um desempregado ou subutilizado ou um desalentado. “Bora se qualificar!”

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