Gazeta Itapirense

 Arilza Coraça fala da dor causada pela ausência da irmã Antônia

– Nos 50 anos dedicados ao basquete feminino de Santo André, ela recebeu homenagem extensiva ao Dia Internacional da Mulher

 

Na segunda-feira,08, a itapirense Arilza Coraça, foi destaque da edição de esportes do Diário do Grande ABC, um dos mais tradicionais e influentes de toda a grande São Paulo. A pretexto de fazer uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado naquela ocasião, o jornal destacou a passagem dos 50 anos desde que ainda muito jovem, ela deixou Itapira para se tornar uma lenda do basquete feminino, uma tradição encravada na alma da população andreense.

A publicação de uma página inteira lembrou que pelo Santo André, Arilza “foi multicampeã, convocada às seleções paulista e brasileira, disputou Pan-Americano e Mundial e, em 1985, em razão de lesões, decidiu encerrar a carreira como atleta para passar adiante seu conhecimento”.

Não se esqueceu da parceria que ela viria a fazer com a inseparável e inesquecível colega Laís Elena (1943-2019), consolidando-se como uma “auxiliar de luxo” e uma grande reveladora de talentos ao trabalhar a base do clube andreense.

Arilza foi destaque ao ser homenageada no Diário do Grande ABC, um dos jornais mais influentes na grande SP

Mas a grande sacada da homenagem foi descobrir que no campeonato paulista que começa neste final de semana reunindo 08 equipes, apenas o Santo André tem uma mulher no comando. “Nada melhor do que levantar este debate também na esfera esportiva neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Inclusive, Arilza será a única treinadora da Liga de Basquete Feminino, enquanto as outras sete equipes terão homens no comando. Mais uma mostra deste cenário desigual na modalidade que reflete em toda a estrutura desportiva, partindo desde a base dessa cadeia, formada pelas atletas”, cravou na mosca a edição.

Com a autoridade de quem conhece todos os atalhos na profissão que abraçou com determinação e fé ao longo de mais de 50 anos, a nossa Arilza coloca o dedo na ferida e faz uma descrição precisa a respeito de como os universos masculino e feminino competem em completa desigualdade quando o assunto é a questão de oportunidades iguais. “A atleta mulher sente mais dificuldade do que o atleta homem em qualquer país. E no Brasil a diferença é gritante, porque muitas vezes o preconceito começa na família, o tabu se inicia em casa. Já aconteceu de eu descobrir menina talentosa e os pais não deixarem treinar porque queriam a formação dela como preparação para o lar, para cuidar da casa. Hoje mudou, melhorou, mas existe muito tabu e tratamento diferente. E o esporte masculino tem privilégio muito grande, basta ver a diferença de remuneração”, analisou.

Túnel do Tempo: para matar saudades de muita gente, foto do acervo da família onde aparecem (a partir da esquerda) em pé; Gracinda Moraes, Antônia, Célia Manfredini e Maria José Bueno. Agachadas, Maria Helena Cavalaro (in memorian), Beile, Arilza e Ana Maria Fernandes

LUTO

A matéria do Diário do Grande ABC não esquece de mencionar a importância de Itapira, a cidade natal, na vida de Arilza.Tem até uma foto ilustrativa, do acervo pessoal de Arilza, onde além dela e outras colegas da antiga Escola Estadual Elvira Santos de Oliveira (ESO), aparece a inesquecível Aparecida Nogueira, professora de educação física, aquela quem iniciou Arilza no Basquete aparece ilustrando a matéria.

Nesta parte entra um forte componente sentimental advindo do falecimento no final de fevereiro, aqui em Itapira, aos 76 anos de idade, da irmã Antônia, grande incentivadora de sua vitoriosa carreira. “Natural de Itapira, no Interior, Arilza teve dentro de casa o apoio que falta a muitas meninas. “Minha maior incentivadora foi minha irmã, Antônia Coraça, que no domingo passado (28), veio a falecer (mal súbito). Minha professora de educação física, Dona Cida, foi quem me iniciou. E minha irmã que montou equipe para a gente disputar Jogos Regionais e Abertos”, recorda. “Depois, ela me trouxe para São Paulo para fazer faculdade na USP”, declarou ao Diário.

Antônia em momento de recolhimento no sítio onde vivia; ela que faleceu no final de fevereiro

Falando para A GAZETA, Arilza comentou que “O Espírito Santo” fez com que viesse a Itapira uma semana antes do falecimento da irmã. “Nossa ligação sempre foi muito forte de muita amizade, muito carinho e muito respeito. Uma pessoa sempre muito carinhosa, que em seus momentos de recolhimento ficava (em uma propriedade rural em Itapira) cuidando dos animais, uma de suas paixões”, relatou

Em meio a um turbilhão de emoções, Arilza demonstra mais uma vez por que é considerada pelas pessoas que a cercam uma guerreira, destas com “G” maiúsculo. Sem muito tempo para guardar luto pela partida da irmã, está imersa em uma rotina diária de treinamentos e outros afazeres que consomem todo seu tempo, já de olho na partida de estreia no sábado, em Itu, conta o Ituano. Jogo que aliás, assim como toda a rodada, está sob risco de não ocorrer por causa do agravamento da pandemia do novo corona vírus.

 

Foto chamada da matéria: Diário do Grande ABC

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