Agora “vizinhas”, lojas de calçados somam mais de 1 século de tradição
Ao final do ano passado, causou surpresa para a enorme clientela o fato da loja de Calçados Princesa deixar o local onde funcionou por praticamente 50 anos e se fixar cerca de 50 metros acima, no cruzamento das ruas José Bonifácio e Campos Salles.
Mirtes Bianchesi, a proprietária, explicou que foi uma decisão difícil, mas necessária, face a problemas particulares. “Foi sim algo bem pensado e que felizmente não nos trouxe qualquer tipo de prejuízo com relação à frequência de nossa loja, a qual, posso afirmar com muito orgulho, continua ótima”, garantiu.
Mirtes sabe muito bem da responsabilidade depositada em suas costas. Afinal, os pais, Nathalio Bianchesi (1925-2015) e Alaíde Bianchesi (1926-2020) foram empreendedores que fizeram história na cidade com este tipo de comércio.
Seu Nathalio em sua mocidade, era artesão de mão cheia e começou a fazer sucesso fabricando sapatos. A esposa, enxergou na atividade comercial um meio de aumentar a renda doméstica e ela própria passou a vender calçados fabricados pelo marido, como também, passou a visitar outros centros calçadistas, mais notadamente em São Paulo, abrindo a Loja Princesa, à qual, pouco antes de seu falecimento ainda dava seus pitacos.
Pioneira
Curiosamente, a Princesa veio a se estabelecer bem pertinho da Calçados Munir, apontada pelos memorialistas da cidade como a mais antiga estabelecida na principal rua do nosso comércio, a José Bonifácio. A incansável Evelyn, viúva do fundador, Munir Kabash, comentou com uma ponta de satisfação a nova vizinhança, lembrando que em sua juventude, ela e o saudoso marido compravam calçados fabricados por seu Nathalio.
Aos 93 anos e ainda conservando uma memória invejável para alguém com sua idade, dona Evelyn se recorda que quando ela se estabeleceu no ponto onde ainda hoje funciona a loja, “Chegamos em 1948. Havia pouquíssimas lojas”, disse ela, citando a atual W Center como contemporânea. Depois viriam a loja SASE, Princesa, Casa York (outra loja tradicional do ramo calçadista localizada ali naquele ‘miolinho’) entre outras que “vieram bem mais tarde”, segundo apontou.
Evelyn se recorda de um tempo onde mesmo a região central da cidade exibia um aspecto rural. “Pessoas que moravam na roça aproveitavam o sábado e o domingo e vinham para a cidade. A proximidade da rua José Bonifácio com a Estação do Trem a tornou um local de grande frequência e desta forma atraiu o interesse dos comerciantes. Se não fui a primeira, certamente uma das primeiras a ter loja na rua”, garantiu.