Gazeta Itapirense

Robinho e Daniel: a cara do futebol brasileiro, por Nino Marcati

Revelado pelo Santos e destacando-se, além da seleção canarinho, em times renomados como o Real Madrid, Manchester City e Milan, entre outros, Robinho alcançou fama e fortuna ao longo de sua carreira no futebol. Contudo, em 2013, ele e cinco amigos se envolveram em um terrível incidente: um estupro coletivo contra uma mulher albanesa em uma boate de Milão, na Itália. Embora tenha admitido ter mantido relações sexuais com a vítima, ele negou a violência sexual.

No entanto, foi denunciado, processado e condenado em todas as instâncias pela justiça italiana a nove anos de prisão. Ao fugir para o Brasil, conseguiu evitar a prisão, mas a Itália solicitou à justiça que ele cumprisse a pena em solo brasileiro. Atendendo ao pedido italiano, a Corte Especial do STJ, por 9 votos a 2, validou a condenação de Robinho, que agora deverá cumprir sua sentença no Brasil, embora sua defesa esteja utilizando todos os recursos disponíveis para evitar, reduzir ou adiar o encarceramento.

Por outro lado, Daniel Alves, revelado pelo Bahia e com passagens por clubes como Sevilla, Barcelona, Juventus e Paris Saint-Germain, também integrou a seleção brasileira em três copas do mundo. Em 2022, no entanto, seu nome foi manchado por um ato repugnante: o estupro de uma mulher em um banheiro de uma discoteca em Barcelona, na Espanha. Apesar de ter dado várias versões em sua defesa, nenhuma delas convenceu o Tribunal de Barcelona, que o condenou a quatro anos e seis meses de prisão. Após 14 meses preso, o tribunal concedeu à sua defesa a possibilidade de aguardar em liberdade a decisão final, mediante o pagamento de uma fiança de R$ 5,4 milhões.

Tanto Robinho quanto Daniel Alves têm recursos financeiros para buscar formas de evitar prisão prolongada, o que levanta questões sobre a igualdade no acesso à justiça. É lamentável que, para alguns, a liberdade possa ser comprada tão facilmente, enquanto para outros ela permanece inatingível. O caso desses jogadores também evidencia a necessidade de uma mudança cultural no mundo do futebol, onde a impunidade e a cultura do machismo são persistentes. Ainda há muito a ser feito para garantir que figuras públicas, como os jogadores de futebol, sejam responsabilizadas por seus atos e sirvam como exemplos positivos para a sociedade.

O futebol, segundo as palavras do venerável professor Barreto, parece ser um terreno fértil para a desonestidade e a falta de escrúpulos. Não é surpreendente? Nosso esporte nacional, nos proporciona inúmeros exemplos de violência; de deslealdade entre colegas; de simulações; de reclamações infundadas; de omissão diante das injustiças e uma série de outros comportamentos questionáveis. Quando a diretoria de um clube falha em cumprir suas obrigações financeiras, os jogadores muitas vezes acabam apresentando um desempenho abaixo do esperado, o que pode levar alguns torcedores a um sofrimento extremo, ao invés de procurarem soluções alternativas.

Os dois jogadores mencionados foram apenas afetados pelas mudanças que o mundo está passando. Comportamentos libidinosos, que muitos jogadores costumavam praticar em nome de uma suposta juventude, e a riqueza acumulada em suas contas bancárias, já não passam despercebidos como antes. As vítimas, frequentemente subjugadas, agora têm mais coragem para denunciar. As perdas financeiras e de imagem são astronômicas. Se o respeito ao próximo não é conquistado de forma natural, talvez o bolso se torne um grande orientador.

Nino Marcati

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