Religioso sugere campanha para restauro do piano da “Elvira Santos”

Padre Donisete Vitório, atualmente auxiliar na Paróquia de Santo Antônio em Mogi Guaçu, no final do mês passado, quando veio visitar familiares seus aqui em Itapira, teve um momento de nostalgia ao visitar a Escola Estadual Elvira Santos de Oliveira, onde realizou a maior parte de seus estudos nos tempos de adolescente.

Ele foi até o palco do anfiteatro onde se sentou na banqueta posicionada defronte ao piano e por algum tempo ficou a exibir dotes que o acompanham desde sempre. “Foi como uma viagem no tempo, resgatando da memória um período inesquecível de minha vida”, recordou.

Vitório já tinha noções de piano quando estudante da ESO, em meados da década de 1960. Sua iniciação se deu na catequese, com a inesquecível Airce Salvarani. A partir daí, só fez deslanchar sua vocação para a arte musical, realizando diversos cursos de aperfeiçoamento.

Mas o que chamou a atenção de padre Donisete foi o estado do piano. Ainda resistente depois de tantos anos no que se refere ao seu conjunto sonoro, o equipamento apresenta desgaste em sua carenagem, carcomida pelos cupins em diversas partes. “Quando notei isso, me passou na cabeça fazer uma campanha para restauração do piano”, contou para A GAZETA.

Trata-se de um piano da marca Essenfelder, cuja origem da fábrica é de 1898, quando o emigrante alemão Florian Essenfelder deixou sua pátria com a pretensão de se estabelecer na Argentina. Entendidos no assunto, como o atual secretário de Cultura, César Lupinacci, garantem que se trata de um ótimo equipamento.

É incerta da data de chegada do piano à Escola Elvira Santos, mas muito provavelmente, em 1950 quando o atual prédio ficou pronto. A escola chegou a funcionar por um curto período no prédio onde hoje fica o Paço Municipal. O diretor de escola aposentado, Silas Bravo Nogueira, 91, ex-diretor por muitos anos da ESO, acredita que o piano tenha sido doado por alguma pessoa influente da época. Entre seus “padrinhos” a escola tinha o industrial Virgolino de Oliveira (1901-1962), cuja primeira esposa, Elvira Santos de Oliveira, dá nome àquela unidade escolar.

Parte da carenagem está carcomida por ação de cupins

Tanto Silas, quanto padre Donisete, destacam que ao longo de seis décadas de funcionamento, a ESO foi palco de apresentações memoráveis em seu anfiteatro, tendo o piano Essenfelder como protagonista. “Um dos primeiros professores de música, Mário de Túlio, que vinha de Campinas, fez muitos recitais. Impossível deixar de fazer menção à saudosa Ivete Sampaio”, destacou Silas.

Mobilização

Perguntado se acredita que um apelo público possa despertar a atenção para a reforma do piano, padre Donisete disse que hoje em dia são muitos os exemplos de pessoas que depois de se estabelecerem na vida, contribuem financeiramente para viabilizar projetos em escolas e faculdades por onde passaram quando estudantes. “Quem sabe algum ex-aluno não se sensibilize e faça uma doação”, colocou.

Padre Donisete se reencontrou com o instrumento após décadas