Gazeta Itapirense

A crise política e institucional debatida pelos itapirenses

A semana tem sido ruidosa na área política e jurídica. Após as manifestações do dia 7 de Setembro, quando apoiadores do presidente Jair Bolsonaro saíram às ruas aos milhões em todo o Brasil, o clima ficou ainda mais pesado em Brasília por conta das ameaças dirigidas pelo presidente ao Supremo Tribunal Federal, em especial ao Ministro Alexandre Moraes.

A GAZETA ouviu pessoas aqui da cidade para ajudar a interpretar esse momento muito abrasivo da vida política nacional e as opiniões, evidentemente, como não poderia deixar de ser, são bastante divergentes.

O advogado Fernando Massari, de 24 anos, foi um dos vários itapirenses que participaram da manifestação da Avenida Paulista no sete de setembro. Entusiasmado, Massari afirmou que o mar de gente (estimado pela rádio Jovem em Pan em 460 mil pessoas) reunido em torno de uma mesma causa “Foi digno de civilidade, de manifestações realmente democráticas”. Fazendo coro àquilo que a maioria dos manifestantes defendia, exigiu “maior imparcialidade do Supremo Tribunal Federal (STF) e dos governadores de trabalharem junto com o governo federal, em prol da população, mesmo tendo ideologias diferentes”.

O vereador Leandro Sartori, do PSOL, desdenha dos números exibidos pelo bolsonarismo, afirmando que a maior parte da sociedade está preocupada com outras pautas, dissociada do discurso contra as instituições. “O brasileiro, até mesmo o mais conservador, tem pautas mais urgentes – como emprego, combate à inflação, riscos da pandemia, entre outros Obviamente, isso não quer dizer que o bolsonarismo está fora da jogada política, mas fica nítido que ele não tem todo apoio que imagina ter”, ponderou.

Seu colega, o vereador Fábio Galvão dos Santos, líder do prefeito na Câmara, acha que por causa da postura de Bolsonaro, o presidente da Câmara Arthur Lira vai ser ainda mais pressionado a dar andamento em algum dos 123 pedidos de impeachment que Bolsonaro coleciona. Mas duvida da eficácia. Ele acredita que o atual presidente está blindado contra o processo de impeachment. “Não prospera”, disse ele.

O vice-prefeito Mário da Fonseca (PSL) também minimizou a demonstração de força do bolsonarismo argumentando que o presidente atraiu apenas simpatizantes e que seu discurso não tem emplacado em outros segmentos. “Ele utilizou uma data cívica para fazer o ato, as pessoas que foram a manifestação são seus eleitores. Acredito que não se trata de demonstração de força. Quanto aos resultados da manifestação acredito que haverá um agravamento da crise institucional devido ao seu discurso antidemocrático”, posicionou-se.

 

Legitimidade

 

O advogado Luiz Arnaldo Alves Lima Filho, atual vice-presidente da subseção local da OAB, avalia que as manifestações, nos seu entendimento foram legítimas e serviram como alerta para os três poderes constituídos. “De maneira geral, as manifestações populares funcionam como um “termômetro” para que os governantes e representantes eleitos tomem conhecimento e dirijam suas ações para satisfazer tais anseios. A manifestação do feriado da Independência do Brasil, além de caracterizar um movimento cívico de suma importância, já que uma nação forte e estruturada deve primar pela sua história, cultura e valores, demonstrou a situação de grande insatisfação popular com a forma com que os Poderes têm conduzido suas relações”, analisou.

Lima Filho avalia ainda que apesar do clima tenso gerado, não acredita que exista espaço para uma ruptura constitucional. “Não vislumbro a possibilidade de uma ruptura entre os poderes por iniciativa do Poder Executivo, apesar das insinuações dirigidas aos membros do Supremo Tribunal Federal nessa última manifestação. Entretanto, não vejo com bons olhos o distanciamento das relações entre os representantes dos poderes, assim como qualquer interferência de cada um deles no funcionamento dos demais. É preciso ter em mente que nenhuma ruptura será benéfica para o país de modo que esperamos que após as manifestações os representantes dos poderes da República tomem a iniciativa de dialogar e com isso restabelecer a harmonia. Assim espero”, completou.

 

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