Gazeta Itapirense

Leandro Karnal fala do ‘Caso Isis Helena’ em crônica no Estadão

O historiador e escritor Leandro Karnal, um dos mais festejados intelectuais da atualidade em todo o Brasil, fez menção à trama que resultou na morte da menina Isis Helena (de 1 ano e 10 meses) no início do ano passado, em sua coluna dominical do Jornal O Estado de S.Paulo, deste dia 09 de maio, dia das mães.

Com o título “Entre filhos e filhotes”, Karnal discorre sobre o lado sombrio relacionado ao papel de mãe através dos tempos, centrando sua análise na família real britânica, especialmente na forma como a Rainha Vitória (1819-1901), soberana que governou com mão de ferro a Grã-Bretanha por mais de 60 anos e segundo o autor, era uma mãe indolente e afastada da responsabilidade de cuidar dos filhos.

No caso específico da menção ao trágico desfecho do caso Isis Helena, Karnal concentra sua análise na forma até hoje não esclarecida da morte de Jennifer Pedro, a mãe da menina, em 22 de fevereiro deste ano na penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba, expressando sua opinião de que ela poderia ter sido morta por alguma outra detenta e não propriamente ter se enforcado, como foi divulgado à época.

“Nosso mundo é outro. Fruto da literatura, da arte, das igrejas e dos educadores, da lei e da majestade do Estado, a maternidade foi divinizada. Mães são sinônimo de amor total e, por consequência, as desviantes causam uma indignação absoluta. Querem um exemplo recente? Jennifer Natália Pedro foi acusada de ter matado a própria filha, Isis Helena, na cidade de Itapira, São Paulo. Conduzida para a cadeia de Tremembé, foi achada morta. O julgamento com júri ainda não tinha ocorrido. A acusada entrou na cela com a pecha de ser assassina da filha. A desconfiança bastou para acelerar a morte em circunstâncias ainda não esclarecidas. O caráter “sagrado da maternidade” está nos céus, na terra e entre detentas. Ao maior amor infringido, caberia a pena mais dura: a morte. Lei do Talião?”, questiona o autor.

História

Só para relembrar, no dia 02 de março do ano passado, Jennifer comunicou às autoridades policiais que sua bebê havia desaparecido de casa, no Jardim Raquel. Imediatamente o assunto dominou o noticiário local, regional e principalmente o noticiário sensacionalista.

Depois de muito pressionada, a mãe contou a versão de que uma dose errada de um medicamento havia causado a morte da menina e que tinha se livrado do corpo no Rio do Peixe, na altura do local conhecido como duas pontes. Foram mais de 50 dias de procura inútil, com a mobilização de forças policiais, bombeiros e voluntários de toda a região.

Até que em 29 de abril, pressionada, ela revelou que tinha enterrado o corpo do bebê nas proximidades do local onde havia indicado que teria se livrado dele. Presa, foi indiciada por homicídio e ocultação de cadáver, sendo conduzida ao presídio de Tremembé, conhecido por abrigar presos “famosos”, onde aguardava julgamento. Ela esteve em Itapira pela última vez em 03 de dezembro do ano passado, quando foi feita uma audiência do caso no Fórum local.

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