Gazeta Itapirense

Estudo sugere que doentes terminais se comunicam com entes falecidos

 Uma reportagem publicada recentemente da versão brasileira da tradicional agência noticiosa BBC chamou a atenção para um estudo desenvolvido pelo médico britânico Christopher Kerr, o qual, se aprofundou em uma área de estudo normalmente delimitada entre a descrença e a indiferença da comunidade científica, relacionada a visões que pacientes terminais manifestam a seus interlocutores,

Segundo a reportagem, Kerr notou que dos pacientes que se aproximavam da morte, muitos tinham sonhos e visões de entes queridos falecidos que voltavam para confortá-los em seus últimos dias. “Ao longo de 10 anos, Kerr e sua equipe de pesquisa registraram as experiências de fim de vida de 1,4 mil pacientes e famílias. O que ele descobriu o espantou. Mais de 80% de seus pacientes, independentemente da classe social, origem ou faixa etária, tiveram experiências no fim da vida que pareciam envolver mais do que sonhos estranhos. Eram vívidos, significativos e transformadores. E sempre aumentavam em frequência perto da morte. Eles incluíam visões de mães, pais e parentes há muito tempo perdidos, assim como animais de estimação mortos voltando para confortar seus antigos donos”, diz um trecho da reportagem.

O assunto é complexo. A técnica em enfermagem Roseli Garcia, figura entre as mais experientes da cidade, com enorme bagagem em ambiente de UTI.

Com passagem pelo Instituto Bairral de Psiquiatria e pela Santa Casa, atualmente ela dá expediente no Hospital Municipal, ela falou com A GAZETA a respeito do tema. Roseli revela ter presenciado situações onde pacientes terminais pareciam se comunicar com parentes que já tinham falecido. “Eu tenho uma formação espiritualista. Portanto, nunca desprezei este tipo de fenômeno. Acho que se trata de uma situação que aponta em direção a algum tipo de estágio entre a vida e a morte das pessoas, cuja ocorrência intriga até mesmo as pessoas mais céticas”, testemunhou.

A reportagem de A GAZETA conversou com um médico intensivista radicado em Mogi Mirim a respeito do assunto. Sob condição de sigilo, ele disse que ao longo de mais de 10 anos na atividade, já presenciou muitas situações nas quais pacientes pareciam, segundo ele, conversar com naturalidade como se existisse uma pessoa ao lado dela junto ao leito.

Dizendo-se agnóstico, o profissional da área médica declarou que não acredita em comunicação com os mortos. “Prefiro analisar fenômenos deste tipo sob a ótica da ciência. Aquilo que alguns acreditam ser comunicação com o além pode perfeitamente ser explicado por um estado de demência, ou então, causado pelo efeito de medicamentos que interferem diretamente na condição mental destes pacientes. Acho que é preciso cautela ao analisar este tipo de situação”, observou.

Espiritismo

Adeptos do espiritismo kardecista possuem uma visão muito peculiar do assunto, diametralmente oposta ao ceticismo da maioria dos médicos. A GAZETA conversou a respeito do assunto com André Villar, de 30 anos, atual vice-presidente do Centro Espírita “Perdão, Amor e Caridade”. Autor de cinco livros que tratam a respeito de diversos temas ligados ao espiritismo e propagador da crença, André Villar diz que esse tipo de manifestação se explica pela maior sensibilidade que estas pessoas adquirem quando próximas do “desligamento do corpo físico”.

Para André Villar, fenômeno é perfeitamente explicável pela “ciência espírita”

Villar relata que testemunhou em sua própria família um caso destes, quando sua avó materna enxergava, no limiar daquilo que os espíritas chamam de “desencarne”, familiares e pessoas que tinham falecido há muitos anos. “Essa é uma questão natural para pessoas espiritualistas que estudam e compreendem a ciência do espírito. Esse médico (Kerr), certamente criou toda uma teoria para saciar a questão científica. Você não pode tratar a ciência materialistas com as argumentações que nós vemos na ciência espiritualista. Os materialistas não aceitariam. Mas não há nada de sobrenatural. Algo (o fenômeno) muito mais comum do que nós podemos imaginar e que se verifica muito no dia a dia, tanto que ele até cita que enfermeiros estão habituados com o fato das pessoas narrarem esse tipo de situação. Mas se trata de uma sensibilidade aguçada naquilo que chamamos de desencarnação, onde esta pessoa passa a ver o físico e o espiritual”, formulou.

 

 

 

Compartilhe
error: