Sonhei em português!, nova exposição do Museu da Língua Portuguesa
Mostra temporária entra em cartaz em 12 de novembro, revelando como o deslocamento humano contemporâneo é atravessado pela questão da língua
A migração como um direito humano é a premissa da nova exposição temporária realizada pelo Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo. Com curadoria de Isa Grinspum Ferraz, Sonhei em português! tematiza esta que é uma das grandes questões sociais do século XXI, revelando como tal experiência é atravessada pela questão da língua. A mostra entra em cartaz no dia 12 de novembro na sede do museu, localizado na Estação da Luz, em São Paulo, tradicional ponto de partida e chegada de migrantes no coração do bairro do Bom Retiro, que também tem todo o seu povoamento baseado na imigração.
A exposição tem como u m de seus núcleos principais a experiência de imigrantes de várias nacionalidades em São Paulo – uma cidade cuja história e cujo presente são indissociáveis da imigração. O título da mostra vem de um dos depoimentos exibidos e alude ao momento simbólico em que o imigrante concretiza sua ligação pessoal com a terra que o recebeu. “As línguas são diferentes porque refletem ideias, valores, conhecimentos e visões do universo também diferentes entre si. Cada língua é uma visão do cosmo, com seus provérbios, suas sonoridades, seus ritmos e sua poética própria. Cada uma delas organiza a seu modo a experiência do mundo”, explica a curadora Isa Grinspum Ferraz.
Logo na entrada da exposição, os visitantes são recebidos na sala Deslocamentos Cruzados, em um ambiente que tematiza as pessoas e as línguas em trânsito. Por meio de instalações visuais e sonoras, o público tem o impacto de se perceber em um mundo no qual cabem diversos universos, expressos pela variedade de idiomas em uso. A sala tem como destaque uma vitrine em que “flutuam” letras e caracteres de alfabetos de várias línguas, como árabe, coreano, chinês, hebraico e cirílico.
O ambiente é preenchido por cantos em vários idiomas, em diferentes ritmos e sonoridades, reunidos pela
Tanto mar é o título da segunda sala da mostra. A maior galeria do espaço expositivo é totalmente ocupada pela instalação inédita “Travessia”, criada pelo artista Leandro Lima. Especialmente comissionada para a exposição, esta grande obra cinética, feita de luzes, sons e movimentos, evoca em uma experiência sensorial a travessia de um oceano, com seu mistério. Há ainda textos poéticos, projetados nas paredes, que falam sobre o partir, em instalação criada pelo Coletivo Bijari.
Terminada essa “jornada”, o visitante chega à sala Para esta cidade, dedicada à complexa vivência dos imigrantes que se estabeleceram na cidade de São Paulo. Doze caixas apresentam objetos que tematizam de forma poética a experiência migratória. Elas estão articuladas a vídeos criados pelo documentarista Marco Del Fiol, nos quais imigrantes de várias nacionalidades contam suas histórias sobre os países de origem e o Brasil e também falam como se relacionam com a língua portuguesa.
Ainda nesta sala, em um mini auditório, são exibidos vídeos que problematizam a imigração do século XXI, com curadoria de Solange Farkas, também a partir do acervo do Videobrasil. Uma instalação com animações de dois poemas de Augusto de Campos, “SOS” e “Sol de Maiakóvski”, lidos pelo próprio poeta, encerra a exposição. “Gente é para brilhar”, diz o poeta.
Na saída da mostra, na sala Do Brasil para, há monitores que apresentam depoimentos de brasileiros que vivem em outros países, como o Japão, a Austrália e os Estados Unidos. Eles falam de suas experiências como imigrantes em outras terras, destacando as questões linguísticas implicadas nesse trânsito, além de abordar o desejo ou a necessidade de migrar, o “estar” migrante e a saudade do Brasil.
Ao abordar a imigração do século XXI, Sonhei em português! faz um importante complemento ao que o Museu da Língua Portuguesa apresenta em sua exposição principal, uma abordagem histórica dos fluxos migratórios anteriores na construção do português falado no Brasil.
A exposição temporária Sonhei em português! conta com patrocínio do Grupo Volvo e apoio do escritório Mattos Filho, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e fica em cartaz até junho de 2022 no primeiro andar do Museu da Língua Portuguesa, com programação cultural e educativa relacionada aos temas da mostra ocorrendo periodicamente tanto no museu quanto na internet.
SOBRE O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
A reconstrução do Museu da Língua Portuguesa é uma realização do Governo Federal, por meio do Ministério do Turismo, e do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, concebida e realizada em parceria com a Fundação Roberto Marinho. A EDP é patrocinadora máster e os patrocinadores são Grupo Globo, Itaú Unibanco e Sabesp – todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O apoio é da Fundação Calouste Gulbenkian.
A Temporada 2021 do Museu conta com patrocínio do Grupo Volvo e do Itaú Unibanco, apoio da Booking.com e do Grupo Ultra e das empresas parceiras Cabot, escritório Mattos Filho, Faber-Castell, Verde Asset Management e Bain&Company. Rádio CBN, Revista Piauí e Guia da Semana são seus parceiros de mídia. O IDBrasil Cultura, Educação e Esporte é a Organização Social responsável pela sua gestão. A Temporada é realizada pelo Ministério do Turismo, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
SERVIÇO
Exposição temporária “Sonhei em português!”
A partir de 12 de novembro
R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Grátis para crianças até 7 anos
Grátis aos sábados
Acesso pelo Portão A (em frente à Pinacoteca)
Venda de ingressos na bilheteria e pela internet:
https://bileto.sympla.com.br/
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz s/n – Luz – São Paulo
De terça a domingo, das 9h às 16h30 (permanência até 18h)
www.museudalinguaportuguesa.
Fotos: Ciente Silverio