Gazeta Itapirense

Nossa História: Uma ‘Seven-Up’ e três copos por favor!!

Bons tempos aqueles em que coisas muito simples, como assistir televisão, por exemplo, faziam a felicidade de muitos. Televisão sim, como era chamada na época e não “aparelho de TV” como é hoje.

Em cidades pequenas como a nossa era novidade.  Cores na tela nem pensar.

Era tudo preto e branco mesmo, apenas com nuances de cinza. Controle remoto era algo impossível. Tela plana? Nem em sonho! LCD ninguém imaginaria. Digital então…chiii!

Ter uma televisão em casa era um luxo para poucas famílias. Aquelas que a tinham costumavam receber os vizinhos, que formando uma platéia, assistiam juntos programas que muitos nem chegaram a conhecer, enquanto que outros os guardam fresco na memória, como por exemplo: “Repórter Esso”, “Vila Sésamo”, “Família Trapo”, “Balança Mas Não Cai”, “Chazam e Xerife”; seriados internacionais como “Perdidos no Espaço”, “Bonanza”, “Rin-Tin-Tin”, “Daniel Boone”; as telenovelas: “O Direito de Nascer”, “Redenção”, “ Irmãos Coragem”.

 

Além das poucas casas possuidoras de uma televisão, alguns bares também traziam a novidade para o deleite de seus clientes, ou fregueses, como eram chamados na época os freqüentadores de um estabelecimento comercial.

Este era o caso do “Bar do Ico”, que era localizado bem no início da Rua da Penha, onde funcionou o Restaurante Piatto D’Oro, logo em frente à Igreja Santo Antonio, que naqueles idos era conhecida como “Mãozinha”.

Fachada do local em que era instalado o Bar do Ico. Esta foto, de 1999, mostra que o prédio guarda ainda alguma semelhança ao ano de 1968 quando ali funcionava o famoso bar.

Aquele era o ponto de encontro de muitos. Jovens e adultos ali se reuniam para uma boa conversa enquanto bebiam saboreando algum petisco preparado com carinho pelo saudoso Ico.

É claro que no meio de tudo aquilo o fundamental era ver a televisão, e a atração favorita era os jogos televisionados à noite. Se em dias normais a assistência já era grande, imaginem como ficava aquilo em final de campeonato.

Fervilhava de gente. Todos apinhados procurando os melhores lugares para não perder nenhum lance. Muitos chegavam cedo para se acomodar em um lugar que lhes proporcionasse melhor visibilidade. Os jogos sempre à noite, lá pelas nove horas.

Para o dono do bar aquilo era festa. Muitos clientes, muito consumo e conseqüentemente mais lucro. O investimento na televisão, não muito baixo, era compensador.

Mas, em certa noite, exatamente no dia 06 de março daquele ano de 1968 o jogo que seria transmitido ao vivo não era uma partida qualquer. Era um clássico! Corinthians e Santos.

Não era nenhuma final, simplesmente um jogo do primeiro turno do Campeonato Paulista daquele ano. O agravante era que o Corinthians há onze anos não ganhava de seu opositor, o Santos. Todos, técnico, jogadores e torcedores, acreditavam que naquela noite este tabu seria quebrado e o Santos perderia sua invencibilidade frente ao Timão.

Assim também acreditavam três garotos apaixonados por futebol e que como grandes amigos eram inseparáveis. Ademir, o mais velho, com 15 anos, Sérgio, o intermediário com 14 e Zezinho, com treze, o mais novo da turma, todos moradores da Vila Bazani, combinaram então de ir ao Bar do Ico naquela noite para ver o jogo.

Aliás, quase todos do bairro combinaram a mesma coisa. Sete da noite os três garotos já estavam lá.

O desenrolar da empreitada e a saga desses três amigos durante a partida de futebol defronte à televisão, o resultado do jogo e a revelação de quem são os garotos ficará para a próxima semana. Vale a pena esperar e conferir.

 

 

 

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