Nossa História: O porão do Júlio Mesquita e suas lendas
Com 122 anos, a Escola Estadual Júlio Mesquita sempre suscitou as histórias mais fantásticas desde os primeiros anos de sua rica, bonita e interessante história.
Construída em terras pertencentes à Matriz, próximas de onde ficava o então cemitério, a escola foi angariando folclores e mitos paralelamente ao ensino de primeira linha que sempre a caracterizou.
O prédio sóbrio, imponente e com linhas graves, também contribuiu para que a escola ganhasse o ar de sisudez. Dentro dela, gerações de alunos se formaram. De permeio, entre eles, as lendas que amalgamaram a construção cultural ao longo do tempo.
Lendas não faltaram. A Loira do Banheiro é uma delas, assim como aconteceu em vários outros colégios de SP. Uma das lendas, contudo, tem a ver especificamente com os porões que ficam abaixo dos assoalhos.
Sob os pés de professores, alunos e diretores, todo um mundo de imaginação ganhou a roupagem do misticismo e a realidade ressignificou-se.
“Os alunos têm um respeito enorme pelo porão. Adoram quando vão lá, acompanhados pelas professoras. Para eles é um mundo diferente, de fantasias e descobertas. E qual criança não gosta de histórias intrigantes, cheias de mistérios”, explicou uma funcionária da escola.
Se os atuais estudantes encaram a missão de entrar no fascinante porão, outros, de gerações mais antigas, se deixaram levar pelo pavor do desconhecido. Mistérios que foram aumentados pela lembrança do antigo cemitério municipal. Daí para aliar à presença de espíritos foi só um pulo. Um sem número de mistificações surgiu. Na época da quaresma, então, nem se fale.
Há relatos de quem não tinha mesmo coragem de chegar perto da porta de entrada, quanto mais entrar ‘naquele cômodo’, transformado então em um Monte Cristo às avessas. Era de arrepiar os cabelos.
“A escola sempre esteve recheada destas histórias bacanas de ruídos e coisas do tipo”, completou a funcionária. “É interessante tudo isto porque traz luz sobre como cada tempo tem a sua marca e a deixa registrado na mente dos alunos. Atualmente, eles são mais antenados, vêem tudo como desafio e adoram ir lá”.
O porão, no entanto, foi construído no escopo do prédio como era tradição há várias décadas nas escolas públicas. É um lugar de despejo e hoje serve para isso. Dentro dele são guardados peças, equipamentos e tudo o quê diz respeito ao magistério e ao supremo oficio de ensinar, de educar, e fazer imaginar.
“É também parte integrante da nossa rica história. Sem ele, a Júlio Mesquita não seria o mesmo”, confirma a funcionária.
Matéria publicada originalmente em 13 de agosto de 2013, na versão impressa do jornal A Gazeta Itapirense