Gazeta Itapirense

 Nossa História: Corrida de São Silvestre em Itapira

Pasmem, caros leitores, com essa sensacional descoberta que fiz em minhas pesquisas: em Itapira havia “Corrida de São Silvestre”! Encontrei registros de seu acontecimento apenas no Jornal Folha de Itapira nas edições de dezembro/1960 e janeiro/1961, mas colhi dados deste acontecimento em anos anteriores.

Embora não houvesse uma constância em sua realização, pois em alguns anos há uma omissão quanto a este fato, ainda consegui um breve levantamento de algumas de suas edições anteriores a 1960, que é registrada como a oitava edição, onde o jornal em questão se refere ao acontecimento enumerando as anteriores, inclusive com seus vencedores, como vemos a seguir: 1942 e 1943 – Atílio Avancini Neto (Lila); 1949 – João Butti Filho; 1953 – Sebastião Corrêa de Souza; 1954 e 1956 – Waldomiro Lopes Bueno; 1958 – José Laurindo. Nos anos posteriores a 1960 não há registro da realização desta corrida. Neste ano, os vitoriosos elencados receberam uma significativa homenagem tanto do povo itapirense como da Comissão Municipal de Esportes.

A estilosa Lambreta fez parte da largada do evento esportivo

Na edição de nº 429 do dia 22 dezembro de 1960 o Jornal Folha de Itapira diz que “Os esforços da Comissão Municipal de Esportes, no sentido de imprimir à realização da maior prova pedestre da cidade a grandiosidade que ela requer, estão sendo notados por todos.” e continua, na semana seguinte, na edição 431, de 29/12/1960, dois dias antes da realização da corrida, dizendo: “Um tiro dado pelo Sr Eduardo Gramani, às 10 horas da noite, no sábado dia 31 de dezembro, marcará o início de mais uma Corrida de São Sivestre em Itapira.” Na quinta-feira seguinte, 05 de janeiro de 1961, o mesmo jornal trazia, na edição 432 a cobertura completa do evento esportivo que acontecera na passagem do ano e começava assim noticiando: “31 de dezembro, noite da passagem de ano. Chovera até as 21 horas. Temia-se um fracasso da Corrida de São Silvestre, tão ansiosamente esperada e discutida. Temia-se a completa ausência de povo. No entanto, às 22 horas a Praça Bernardino de Campos, estava apinhada de gente. Saíram os atletas.”

Autoridades com alguns atletas que participaram da prova

A temeridade pelo fracasso deveria realmente ser muito grande, tendo em conta que na edição anterior daquele jornal circulante era dada a seguinte nota: “A Comissão Municipal de Esportes, este ano, mais que nos anos anteriores, esmerou-se nos preparativos desta prova. Nenhum detalhe foi esquecido. Nenhuma falha se evidencia. Esta corrida será perfeita em todos os pontos de vista.” Grande era o compromisso da comissão em relação à população.

Momento histórico: é dada a largada para a São Silvestre itapirense

Naquele evento o percurso compreendia 2.700 metros tendo a largada na praça central da cidade com sentido para a Rua Conselheiro Dantas e tomando à direita na Rua XV de Novembro até alcançar a Rua Manoel Pereira. Nela, seguiam em direção à Rua José Bonifácio retornando à Praça Bernardino de Campos, local de chegada da prova, onde os competidores davam duas voltas ao seu redor para perfazer o trajeto exigido pela Comissão Municipal de Esportes.

O número de atletas participando da competição naquele ano foi de 36. Quase todos os clubes de futebol de Itapira se fizeram representar. Entre eles encontramos anotações de Botafogo, Olaria, Cubatão, Guarani, Tanquinho, Tonolli e Usina, sendo que este foi aquele que teve o maior número de representantes. Venceu a prova um representante do Botafogo, João Rocha Carvalho, tendo como segundo e terceiro colocados Avelino Rodrigues, do Olaria e Luis Álvares Filho do Usina respectivamente.

Antonio Caio era prefeito, Eduardo Gramani presidente da câmara e a Comissão Municipal de Esportes era formada por Oscar Pires de Andrade, João Sechi Franco tendo como presidente Alcides de Oliveira, o Alemão.

Atos discriminatórios também imperavam na época. Vejam, a título de curiosidade, o trecho encontrado na reportagem final sobre a Corrida de São Silvestre de 1960: “Aqui acham horroroso ver moços de calções, fortes, cheios de saúde. As classes mais favorecidas não participam desta prova. Temem o vexame. Engraçado, eu nunca soube que é vergonhoso ser desportista.” Lamentável!

 

Texto publicado originalmente na edição impressa de A GAZETA de 28 de maio de 2011

Compartilhe
error: