Na contramão do Brasil, Cristália produz maioria de seu insumo

Desde o dia 17 de janeiro passado quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou  o uso emergencial de 6 milhões de doses da CoronaVac, a esperança de que a pandemia de coronavírus estaria com os dias contados tomou conta do país.

Porém, dias depois uma nova preocupação passou a fazer parte da rotina dos brasileiros: a burocracia para a liberação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) por parte dos chineses.

Devido a um caminhão de besteiras ditas pelo presidente Jair Bolsonaro, seu filho Eduardo e seu ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, os chineses resolveram retardar o envio de IFA para a produção de 10 milhões de vacinas pelo Instituto Butantan.

Foi preciso uma verdadeira batalha diplomática com os chineses, que só liberaram o lote de IFA depois de intervenção do governador João Doria.

Se o Brasil produz apenas 5% do IFA de todos os seus medicamentos, o Laboratório Cristália aqui de Itapira está anos luz à frente, produzindo cerca de 60% de toda a sua matéria prima, chegando ao ponto de exportar tal insumo.

Na quinta-feira, 11, o cofundador do Cristália, Dr. Ogari de Castro Pacheco, recebeu o diretor de A GAZETA, Gilmar Bueno de Carvalho Junior, na sede da empresa, aqui em Itapira.

“O que ocorre é que a maioria das empresas prefere comprar o IFA ao invés de produzir. Isso acaba sendo mais fácil, porém tem o problema de ficar na mão de quem produz. Resolvemos investir e buscar produzir o máximo de nossos IFA’s, é uma jogada estratégica”, contou Dr. Pacheco.

O empresário destacou que essa fragilidade brasileira por IFA’s importados é perigosa: “pode-se dizer que é uma dependência total da importação quando você observa que o Brasil produz apenas 5% do que precisa”, pontuou. Vale lembrar que em 40 anos o Brasil passou de uma produção de 55% do IFA que usava, para apenas 5% hoje.

O Cristália tem uma gama de 40 produtos que utilizam seus próprios IFA’s.