Gazeta Itapirense

Morador de rua monta uma “suíte” debaixo da ponte da rodoviária

Definitivamente a questão dos moradores de rua, em que pese todo o esforço da secretaria de Promoção Social para acomodar da melhor forma possível a situação destas pessoas, ainda vai tomar muito o tempo das autoridades.

No primeiro dia útil do ano, 03 de janeiro, a Guarda Municipal realizou – atendendo a um pedido da secretaria de Promoção Social – um rapa nas imediações da rodoviária e intimou os moradores de rua que usavam o local como dormitório para que deixassem as instalações. Nos dia seguinte a Secretaria anunciava a criação de uma espécie de força tarefa dentro da Rodoviária, para acolhimento dos moradores de rua.

Decorridos pouco mais de um mês da ação, pelo menos sete destes moradores que foram desalojados da estação rodoviária, ainda se encontram ali bem pertinho. Eles passaram a se proteger debaixo da ponte sobre o Ribeirão da Penha que fica ali em frente.

Um deles, que se identificou como Gilmar, teve o capricho de montar uma “suíte” debaixo da ponte. Ele contou que ganha uns trocados recolhendo e vendendo material reciclável e que nas suas andanças encontrou cama, colchão, roupa de cama, e até um chuveiro que utiliza para improvisar um local onde possa tomar banho e lavar as mãos. Do outro lado da margem, se concentravam outros moradores, mas sem o mesmo “conforto” exibido por Gilmar. Ele estima que cerca de seis pessoas fiquem alojados no local.

Gilmar revela veio de Pouso Alegre (MG) há cerca de seis meses por causa de desavenças familiares e que não pretende voltar para casa por causa desses problemas mau resolvidos. “A gente não mora na rua porque quer”, pontuou.

 

Chuvas

A reportagem da GAZETA conversou com ele no começo da tarde de segunda-feira. Relatou que passou a noite em claro por causa da tormenta que desabou na cidade naquela madrugada. Ficou com medo que a água subisse a ponto de levar tudo o que tinha colocado no local. “Fiquei monitorando a subida da água. Foi sinistro. Os outros (os amigos do outro lado da margem) estavam num local ainda mais baixo e a situação deles me preocupou mais”, afirmou.

Rapaz improvisou um chuveiro para poder se banhar e lavar as mãos

 

Além do ganho com a venda de material reciclável, diz que ele e os colegas costumam receber alimento de pessoas anônimas. Segundo ele, até ração para o cachorro que o acompanha ele ganha das pessoas. “Uma coisa que a gente não tem como negar é a generosidade das pessoas aqui de Itapira. Não existe igual”, elogiou.

Ele disse que ficou constrangido pela forma como foi retirado da Estação Rodoviária. “Era onde a gente podia tomar um banho, onde nos sentíamos mais protegidos. De repente, nem isso mais. Acho que as autoridades deveriam procurar outras formas de ajudar a gente. Não somos bicho”, protestou.

Debaixo da ponte, com material que encontrou na rua, improvisou até uma cama para dormir

 

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