Memórias do professor mais antigo do Centro Paula Souza
Pode-se dizer que Eduardo Domingues da Silva já estava no Centro Paula Souza (CPS) antes mesmo de a instituição existir. É que ele começou a frequentar a antiga sede da Avenida Tiradentes em 1963, quando lá ainda funcionava a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Em 1971, já formado em Engenharia havia alguns anos, iniciou a carreira como docente da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) São Paulo, que havia sido implantada naquele local um ano antes.
Silva é o professor com mais tempo de serviços prestados à instituição. Hoje, ele leciona as disciplinas de Estruturas 1, 2 e 3 no curso superior de tecnologia de Construção Civil – Modalidade Edifícios, ainda no mesmo prédio do Bom Retiro, na Capital.
No início da década de 1970, a Fatec já oferecia cursos na área de Construção Civil. “Além de exercer a profissão de engenheiro, entendia que por meio da comunicação dos meus conhecimentos poderia ser útil e ajudar as pessoas. Por isso decidi levar o que sabia para a sala de aula. Ensinávamos aos estudantes desde os primeiros cálculos básicos e noções de desenho técnico até projetos de edifícios, concreto armado, pré-moldados, fundações e estruturas metálicas”, relembra.
Silva nunca deixou de atuar como engenheiro. “Trabalhei durante 30 anos no escritório de José Carlos de Figueiredo Ferraz, que foi meu professor na faculdade. O docente da Fatec precisa se manter atualizado sobre o setor no qual atua. Sempre procurei transmitir o que eu sabia como alguém que teve a experiência real no mercado”, conta. “Minha atividade nunca foi simplesmente escrever na lousa. Queria que os alunos fossem além do simples cálculo. O objetivo era ensiná-los a raciocinar sobre o que está acontecendo naquele seu projeto”, afirma.
Tecnologia
Ao longo de mais de cinquenta anos de carreira na Fatec, o educador acompanhou a evolução da tecnologia dentro e fora das salas de aula. “A régua de cálculo, que a gente mexia na horizontal, era uma ferramenta de uso muito intenso. Isso foi gradativamente sendo substituído por computadores e softwares cada vez mais modernos”, compara.
Mas o educador acredita que, por mais avançadas que estejam as tecnologias, ainda há a necessidade da inteligência humana. “A máquina ajuda, faz todas as contas numa velocidade incrível, mas o comando tem que ser do profissional, ele tem que entender tudo o que está sendo feito.”
Silva conta que não sentiu a passagem dos anos de profissão e que não pretende deixar as salas de aula. “O tempo passa como uma nuvem. Eu hoje me sinto beneficiado pelo convívio com os alunos, os jovens nos transmitem muita força. Peço ao meu anjo da guarda que me mantenha ativo até o fim da vida.”