Gazeta Itapirense

“Lockdown noturno” completa uma semana sem formar consenso

O sábado, 26, assinala a primeira semana de decretação do “Lockdown Noturno”, medida anunciada no dia 17 passado, por quatro prefeituras da região (Itapira, Estiva Gerbi, Mogi Mirim e Mogi Guaçu) para vigorar de 19 a 30 de junho fechando quase tudo a partir das 19 horas como forma de evitar aglomerações.

A escalada do total de pessoas contaminadas pelo novo corona vírus, da ocupação de mais de 100% dos leitos de UTI e, especialmente, do total de óbitos que tem uma média de quase uma morte por dia até aqui neste mês de junho, foram os motivos alegados pelo prefeito Toninho Bellini para justificar a medida.

Os comerciantes Fernando Hara e Ramathiey José dos Santos comercializam alimentos nas tendas instaladas no final da avenida Ari Wilson Cremasco, aos pés do “Penhão”. Hara vende comida japonesa, enquanto que o colega comercializa espetinhos e lanches. Ambos disseram para a GAZETA que entendem os motivos que levaram as autoridades a restringir o horário de funcionamento – que ia até 21 horas antes do novo decreto.

Mas expressam sua opinião de que essas medidas estão perdendo a razão de ser. “Quer dizer então que o vírus vai deixar de existir antes das 19h00?”, questionou Ramathiey. Hara entende que todas as medidas para terem efeito precisam contar com a colaboração irrestrita da grande maioria das pessoas. “Infelizmente, a prática tem demonstrado que a despeito de todas as medidas restritivas, a doença tem se espalhado, sinal de que muitas pessoas fazem pouco caso das medidas”, diagnosticou.

Fernando Hara e Ramathiey: colaboração das pessoas deixa a desejar

Uma moça que se identificou como Tamires, funcionária de uma tradicional loja que comercializa bebidas na cidade, acredita que as medidas são inócuas. “Se a moçadinha não encontrar bebida aqui, certamente vai comprar durante o dia nos supermercados. Essa faixa-etária mais jovem não liga muito para esta questão de regras. Aliás, se enxergam proibição em algo, vão achar ainda mais interessante ir contra o senso comum, dentro daquela lógica de que o proibido é mais gostoso”, filosofou. Ela disse ainda defender medidas diferentes de tudo o que foi realizado até agora. “Acho que ao invés de diminuiu o horário de funcionamento de alguns estabelecimentos, deveria se ampliar, criar regras para que determinados grupos de pessoas frequentem estes estabelecimentos de forma ordenada, com espaçamento”, sugeriu.

Esgarçamento

O presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACEI) Célio Altafini suspeita que as medidas de fechamento de estabelecimentos comerciais já chegaram a um ponto de esgarçamento. “Quantas vezes se fechou (o comércio), se restringiu horário de funcionamento e até agora a doença só tem feito avançar. Isso acaba cansando as pessoas. Por mais que entendamos as necessidades de determinadas medidas, o simples fato delas não produzirem o efeito desejado, acaba gerando um descontentamento que complica ainda mais as coisas”, analisou.

Célio Altafini teme que este tipo de medida caia no descrédito de tanto ser aplicada

 

 

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