Em ato solene, Anariá Récchia é homenageada no CREM
Uma cerimônia solene realizada na manhã desta terça-feira, 18, formalizou a homenagem à saudosa Anariá Calidone Récchia Mourão Henrique no CREM (Centro de Referência Especializado da Mulher). O evento contou com a presença de autoridades municipais e familiares da homenageada, dentre eles sua mãe Sônia de Fátima Calidone, seu pai Júlio Luís Recchia e suas irmãs Maíra e Olívia.
Anariá nasceu em Itapira em 28 de março de 1984. Estudou jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) de 2004 a 2005 e formou-se em 2007 em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). Sempre foi ativa na defesa dos direitos da mulher e buscava carreira diplomática. Morreu em 2016, aos 32 anos, quando estava na calçada de um bar em São Paulo e foi atropelada por um motorista alcoolizado.
A Secretária de Promoção Socia Regina Ramil foi a primeira a fazer uso da palavra e falou do trabalho desenvolvido no CREM e como em pouco mais de um ano e meio o centro se tornou referência regional. “Mais de 300 mulheres já passaram por aqui e receberam, além do atendimento técnico, muita atenção e afeto que fazem toda a diferença no processo. E não tem como falar de atenção, afeto e empatia sem falar da nossa grande homenageada. Por onde ela passou deixou um rastro de força, garra, luta, sabedoria, alegria e leveza. Deixou um caminho de luz em tudo que tocou e poder receber seu nome nesse centro nos enche de orgulho”, disse.
Muito emocionada, Sônia Calidone também discursou e disse não falar da filha no passado porque ela segue viva nas memórias daqueles que a conheceram e sabem de sua luta em prol das mulheres vítimas de violência, refugiadas e moradoras de rua. “A todas as mulheres que estão sendo atendidas nesse espaço: nós não estamos sozinhas. Todas nós aqui já sofremos algum tipo de agressão, seja da mais sutil a mais grave. Muitas não estão porque tiveram suas vidas ceifadas pela violência. Posto isso, gostaria de parabenizar todas as mulheres que frequentam esse centro e todas que estão aqui, porque somos vencedoras pelo simples fato de estarmos aqui. Chegamos aqui e devemos seguir em frente. Não podemos dar um passo para trás”, defendeu. “Tem pessoas que passam por essa vida sem vivê-la. A Anariá viveu intensamente deixando esse legado de luta, de coragem. E é nosso dever segui-lo”, concluiu.
Em seu pronunciamento, o prefeito Toninho Bellini falou um pouco sobre a trajetória de Anariá e lembrou que o projeto de criação do CREM vem de 2016 e foi elaborado junto com sua filha, Vivian Nicolai, que faz parte da Comissão da Mulher da OAB de Itapira. “E em 2021, esse foi o primeiro projeto do meu plano de governo que foi colocado em prática com o apoio da OAB de Itapira e da Lowell Cosméticos. Iniciamos esse trabalho em maio, em plena pandemia, e eu já tinha comigo que no momento oportuno faríamos essa homenagem à Anariá”, comentou. “Superado esse período, chegou a hora de fazer essa homenagem e queríamos que fosse em outubro, quando comemoramos os 202 anos de nossa querida Itapira. E agora esse dia vai ficar realmente perpetuado na história”.
Após o descerramento da placa de homenagem, todos prestigiaram a exibição de um vídeo institucional que foi seguido de um segundo tributo: a foto de Anariá em uma parede especialmente personalizada com a frase “Eu não serei livre enquanto alguma mulher for prisioneira, mesmo que as correntes delas sejam diferentes das minhas”.
Sobre o CREM
Inaugurado em 30 de abril de 2021, o CREM é um serviço criado para ser a referência de apoio à mulher vítima de violência, promovendo principalmente a sustentabilidade das mesmas e encaminhamentos necessários para a superação da situação vivida. Para isso, conta com uma equipe técnica especializada para proporcionar amparo e proteção a todas e ofertar serviços de atendimento social, orientação psicológica, encaminhamentos jurídicos, oficinas e cursos profissionalizantes. Desde sua abertura, já foram registrados 342 atendimentos.