Gazeta Itapirense

Campanha da Fraternidade chega cercada de polêmica

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dá largada na próxima quarta-feira, dia 17, a mais uma Campanha da Fraternidade que neste ano traz como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz, do que era dividido, fez uma unidade”.

A elaboração do arcabouço teológico da campanha deste ano, foi elaborada pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC), uma espécie de colegiado que reúne diversas denominações de origem cristãs, a pretexto de combater a polarização política e social que se instalou no país.

Na semana passada, um vídeo elaborado e divulgado nas redes sociais pelo Instituto Dom Bosco, com sede no Rio de Janeiro, fez duros ataques ao texto base da Campanha, expondo, ironicamente, divisões conceituais dentro da própria Igreja. Com viés “progressista”, o documento, segundo críticos, se fundamenta em dogmas intoleráveis dentro da Igreja, como acolhimento do público LGTB, aborto, feminismo, e fortalecimento de movimentos populares- temas caros aos movimentos de esquerda política do país.

Nesta semana, nomes influentes da Igreja, como o arcebispo de São Paulo, D. Odilo Scherer, cuidaram de jogar água na fervura, criticando o tom beligerante que o assunto ganhou nas redes sociais. “Acusa de ideologia de um lado, mas comete o mesmo erro, de posição ideológica oposta, dura, fechada. Tudo o que não precisa numa Campanha da Fraternidade Ecumênica, quando o objetivo é realmente aproximar as Igrejas, é promover uma iniciativa boa, juntos, nos aproximar mais”, defendeu ele nas redes sociais.

Criada a partir de 1964, a Campanha da Fraternidade tem promovido reflexões a respeito de problemas concretos na vida dos brasileiros, violência, saúde, meio ambiente, família, entre outros. No ano passado por exemplo, o tema adotado foi “Fraternidade e Vida: dom e compromisso” e o lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34), que trata do bom Samaritano, que se preocupa com o menos favorecido social e espiritualmente.

Em Itapira

Aqui em Itapira o assunto tem passado despercebido, pelo menos por enquanto. Os sacerdotes preferem não se envolver em polêmicas. A GAZETA apurou que a polêmica criada em torno do assunto cria uma atmosfera que exige deles uma dose extra de comedimento. Existe uma espécie de consenso de que o tema da Campanha em si é muito apropriado para o momento atual do país, mas que o problema é como dissecar o assunto com a comunidade esbarrando em questionamentos, os quais, na sua opinião dos religiosos, são no mínimo controversos.

O bispo de Amparo, D. Luís Gonzaga Fechio, incentivou nos anos anteriores que os temas vinculados à Campanha da Fraternidade, fossem debatidos nas diferentes comunidades. A GAZETA tentou contato com a Diocese de Amparo para saber do posicionamento do Bispo a respeito da polêmica atual, mas não teve sucesso.

A Campanha da Fraternidade começa oficialmente na quarta-feira de cinzas, que assinala o início da quaresma, um período voltado para meditação, reflexão e penitência por parte dos católicos. Todas as paróquias da cidade já se preparam para a cerimônia tradicional de imposição das cinzas na testa dos fiéis. No ano passado, esta foi, a rigor, a última solenidade litúrgica realizada pelos católicos da cidade, antes do anúncio das medidas de contenção da pandemia do novo corona-vírus.

 

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