Gazeta Itapirense

Serviço de Capelania do Hospital leva esperança e alento a pacientes e familiares

“Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível”. O versículo 20 de Mateus 17 traz no Evangelho a parábola de Jesus Cristo relativa a uma das maiores forças inatas do ser humano: a Fé.
É nas situações limites que cada pessoa expõe quem realmente é e como lida com a fragilidade da condição humana. Ter um diagnóstico de determinada doença que possa levar à condição terminal significa dar uma reviravolta na vida.
Poucos conseguem ressignificar o processo que perturba, espolia e conduz a outro estágio da existência. Vários atingem o termo da jornada com o passamento transcendente, para bem ou nem tanto. Outros, porém, permanecem no chamado vale de lágrimas como faróis que iluminam o sentido da vida. A fé pode curar?

Em 2010, a Lei 4.662 criou o ‘Serviço de Capelania do Hospital Municipal de Itapira’. Foi uma marco religioso dentro desta instituição de Saúde Pública da cidade.

A partir daí, membros de várias vertentes religiosas da cidade passaram a levar uma palavra de fé para as pessoas que se encontram internadas no HM.

“Estou aqui há 14 anos, e faço a visita leito a leito, onde presto apoio espiritual ao paciente e aos familiares dele. Uma oração, uma conversa que muitas vezes dão forças para os que estão aqui. Já teve caso de um paciente que estava desanimado, entregue mesmo, sem vontade de lutar. Ele queria ir embora, parar o tratamento. Conversei com ele, falei que se fosse embora iria morrer, mas se fizesse o tratamento Deus iria abençoar. Ele disse que achava que não tinha mais jeito. Mas ele ficou, se tratou e ficou bem, inclusive encontrei com ele na rua, estava muito bem”, contou a capelã voluntária Gilmara Pissiti, a Mara.

Ela é uma das pessoas que vão voluntariamente prestar algum tipo de alento aos pacientes internados no HM. Mara é membro da Assembleia de Deus, igreja liderada por anos pelo saudoso pastor João Orcini.

Mas o Serviço de Capelania do HM é laico, ou seja, não é formado por uma única religião. Por lá passam representantes de igrejas católicas, presbiterianas e espíritas. O que importa é a fé, venha ela do coração de quem vier.

“Está mais do que provado do ponto de vista científico que os impulsos positivos que trazem as orações, rezas, enfim, tudo que agrega positivo ao paciente, é incontestável o benefício. Ele sai daqui mais satisfeito, o retorno que temos dos familiares comprova isso”, esclareceu o médico e diretor técnico do HM, Danilo Antônio Manhas.

Outro ponto importante em relação ao Serviço de Capelania do HM diz respeito à aproximação entre a instituição de saúde e os familiares: “melhora muita a relação entre o paciente e seus familiares e o pessoal da saúde, faz parte da humanização do tratamento. É uma forma da gente aliviar o clima, tornar o ambiente mais acolhedor”.

“O importante neste trabalho é a mensagem, a mensagem positiva. Isso é o que importa. A pessoa quando tá doente raramente você vê ateu, é um momento em que a fragilidade bate, a depressão bate e você se apega no que aparecer”, pontuou Dr. Danilo.

“Na verdade nós nascemos de Deus e naquela hora (doença) não existe o ateu, ele sabe que veio de Deus”, afirmou o pastor Elias Orcini, também presente na entrevista.

Capelã Mara, Dr. Danilo e Elias Orcini: fé e ciência andam juntas

Melhora que se vê

Questionado de qual forma ele enxergaria o trabalho de fé no dia a dia do HM, Dr. Danilo foi taxativo: “eu vejo isso no semblante, na positividade, na expectativa dele. Tem muitos pacientes que desistem de viver, é muito nítido isso, tem gente que entrega os pontos. Mas quando o paciente recebe essa injeção de ânimo, tudo muda”.

Mas e quando a morte chega?

“Mesmo quando o desfecho não é positivo, você vê que até na própria terminalidade da vida, quando recebe uma palavra amiga, a partida é de uma forma mais amena. A gente consegue amenizar o impacto, cria um ambiente mais acolhedor para a partida, para o paciente e sua família. A Mara trabalha muito com pacientes terminais. Paciente e família é uma coisa só, eles têm que estar junto”, explica o médico.

“Existe um versículo que diz ‘Sem fé é impossível agradar a Deus’. Você tem que se apegar a Deus e saber que vai vencer, e vence”, disse Mara.

É nos corredores de um hospital que se é possível vivenciar a luta pela vida. O silêncio cortante leva à introspecção e conduz os pacientes a pensar sobre o valor da saúde e da necessidade de disciplinar o tempo, usando-o favoravelmente para os objetivos sadios.

Enfim, a fé não pode falhar.

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