Seo Wilson mantém viva a profissão de sapateiro em Itapira
Sapateiro há 50 anos, Wilson Torrano, de 75 anos, é um dos poucos profissionais que trabalham com o nobre ofício de restaurar calçados femininos, masculinos e infantis em Itapira. E se orgulha desta profissão que atualmente está às margens da extinção, e com a qual criou os filhos Alex, Ades e André.
“Nunca quis trabalhar com outra coisa, a não ser com os calçados. É uma profissão que dá liberdade de fazer o seu horário, e por isso é muito prazerosa”, confessa o homem franzino e de olhar característico.
A sapataria de Torrano fica situada no mesmo endereço há 30 anos, na Avenida Rio Branco, número 708. Ali viu as transformações da cidade e o dito progresso chegar, mas nunca perdeu o foco na tradição de cumprir o combinado com o freguês. “Sou disciplinado com as encomendas”, disse o sapateiro, firme no falar, mas que não perde a simpatia.
“É que tenho uma clientela fiel e ainda numerosa, com fregueses que há 20 anos buscam meus serviços . Então, preciso fazer tudo com qualidade e nos mínimos detalhes”, afirmou.
Paulistano da Vila Guilherme, Torrano disse para A Gazeta que escolheu a profissão quando ainda morava em São Paulo, numa fábrica localizada no bairro da Mooca. Ali passou a consertar os calçados dos colegas de trabalho.
Por essa época veio para Itapira, e logo decidiu abrir uma sapataria e viver da profissão. “Não me arrependo nem um pouquinho”, destacou Torrano. “Porque é profissão que nunca deixa você sem dinheiro no bolso, e que dá liberdade para fazer o próprio horário. Nunca gostei de ser empregado dos outros”, mencionou.
A época de ouro aconteceu na década dos anos 90, quando os pedidos eram intensos e os consertos agendados. “Havia solicitações que precisam esperar bastante dias porque a agenda estava lotada”, observou. Mas tudo passou.
Um dos poucos sapateiros da cidade de Itapira, Torrano não titubeia em falar que há poucos sapateiros, atualmente, por uma simples razão: “porque os mais jovens acreditam que seja uma profissão menor, sem glamour social”.
Para seo Wilson, na realidade, muitos têm vergonha de falar que são sapateiros”, declarou. “Além de criar os meus filhos, consegui aposentar recolho o INSS sendo sapateiro, e vivo feliz”, finalizou.