Gazeta Itapirense

Secretário de Saúde aponta os problemas que afetam atendimento na cidade

Embora realizada de forma a não permitir questionamentos do público, a Live realizada no começo da noite de terça-feira,11, reunindo o Secretário de Saúde Vladen Vieira, o médico Marcelo Cesto, coordenador do comitê local de prevenção e combate à covid-19, e o advogado Cristiano Florence, presidente do Conselho Municipal de Saúde, esclareceu pontos importantes a respeito da situação no limite do caos por que passa atendimento médico-ambulatorial do município.

Foram apresentados dados importantes que ajudam a compreender o atual momento, cujo maior reflexo, é superlotação no Pronto Socorro (PS) do Hospital Municipal. Vieira disse no início da transmissão que entre o dia 10, segunda-feira, e o dia 11, terça, foram realizados 643 atendimentos.

Em sua fala inicial, Marcelo Cesto fez um apelo para que as pessoas procurem atendimento somente em caso de extrema necessidade. Na avaliação que fez, tem sido constatado que muitos (a maioria) dos pacientes chegam ao PS, com sintomas que num primeiro momento poderiam ser medicados na própria casa, como tosse, coriza e febre. Segundo o médico, existe uma cultura na população que tudo deve ser levado ao plantonista do PS.

Vladen Vieira detalhou as dificuldades enfrentadas para suprimento de mão de obra na rede municipal de saúde, causada por uma série de fatores. Lembrou que terminou em dezembro do ano passado o repasse federal de recursos para contratação de trabalhadores temporários (220 no total) que foram dispensados até 31 de dezembro. O final dos desligamentos coincidiu com a elevação dos casos positivos de covid, aliado ao espalhamento da gripe comum.

Ele demonstrou que há dez anos atrás, o Hospital Municipal operava com 620 trabalhadores concursados e que na realidade atual esse número baixou para menos de 500, resultado de aposentadorias, pedidos de exoneração e do cumprimento de acordos que o município precisou fazer para saldar dívidas junto ao governo federal, sendo impedido de fazer novas contratações por um longo período.

O caso mais dramático, segundo ele, é da ausência de médicos. Por causa da atual situação, existe, segundo Vieira, uma espécie de concorrência entre os diversos municípios para preenchimento de suas necessidades, isso sem falar na concorrência da própria iniciativa privada, que tradicionalmente paga melhor do que o setor público.

Reflexos

Toda essa situação, segundo Vieira, produz reflexos também no atendimento da rede básica, com médicos precisando se revezar para cobrir plantões onde existe lacuna do preenchimento de vagas. Apesar disso, defendeu o modelo de descentralização que impôs a partir do final do ano passado e começo de 2022 vacinação da covid somente nas Unidades Básicas de Saúde, desativando o posto fixo que existia no Ginásio de Esportes José Bonifácio Coutinho Nogueira. A medida tem provocado reclamações por parte da população por causa de imensas filas que têm sido registradas.

Marcelo Cesto saiu em defesa de Vieira, avaliando que por causa do reaparecimento dos casos de covid no noticiário, muitas pessoas que estavam se portando de maneira indiferente com relação à importância de se completar o ciclo completo da vacina, passaram a correr atrás. Ele observou que a aplicação da segunda e da dose de reforço não precisa ser necessariamente no dia do vencimento da data da primeira aplicação.

 

Questionamentos

 

Diante da decisão de não permitir o envio de perguntas da população, o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Cristiano Florence, quem colocou questionamentos diversos para os dois colegas de mesa. Entre os temas que ele dirigiu para Marcelo Cesto e Vladen Vieira, estavam questões como a reativação do Hospital de Solidariedade, do ambulatório de Síndromes Gripais, vacinação de crianças e da falta de testagem da população e a possibilidade de imposição de novas medidas restritivas.

Diante da complexidade dos assuntos abordados, o programa – que teve início às 18h00 e foi transmitido pela plataforma da prefeitura no Facebook – teve quase duas horas de duração. Apesar disso, os três participantes consideraram importante esse contato mais direto de prestação de contas.

 

 Falta de colaboração

 

De resto, a se destacar a postura corajosa do médico Marcelo Cesto, que mais uma vez em suas intervenções, lembrou que a falta de cuidados da maior parte das pessoas resultou em novo aumento de casos de covid. Ele disse que muitas das pessoas que hoje criticam o atendimento médico da rede municipal (o incidente ocorrido na madrugada de 3ª feira quando populares insultaram e dirigiram ameaças a funcionários que atendiam no PS foi assunto recorrente durante a Live) são as mesmas que provocam aglomerações, não usam máscaras, enfim, não tomam os cuidados que deveriam tomar para evitar o contágio. Fez novo apelo para que as pessoas tomem as precauções já mais do que conhecidas.

O médico Marcelo Cesto (esquerda) foi enfático em atribuir ao comportamento inadequado de parte da população esse novo aumento dos casos de covid na cidade

 

Compartilhe
error: