Reencarnação: O vai e vem da vida
A reencarnação é um dos temas religiosos que mais suscitam embates a quem procura um caminho de religiosidade. Desde o começo da era cristã a palavra foi muita combatida. Ganhou definitivamente densidade a partir de 1857, em O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec.
Para muitos, a reencarnação é algo que sempre existiu e é bíblico citando a passagem com Nicodemos (em João 3) na qual Jesus aborda o conceito através de uma parábola. Cristo ensina ao ancião que ele devia nascer de novo [para evoluir], pois o corpo procede do corpo, mas o espírito não procede do espírito.
Em linhas gerais, a reencarnação é a volta (renascimento) do espírito em um novo corpo, dentro de um processo evolutivo na condição de escola, passando pelo véu do esquecimento para que tenha um novo reinício, uma nova experiência existencial e caminhe para Deus.
“A reencarnação é o processo pelo qual o espírito depura suas mazelas, resgatando no corpo físico os erros cometidos no passado. Assim sendo, a misericórdia divina nos permite voltar quantas vezes for preciso para aprendermos e evoluirmos. Todos irão reencarnar, neste ou em outro plano, de acordo com suas necessidades evolutivas. Por exemplo: os grandes inventores e descobridores são exilados para um mundo primitivo para colaborar com o progresso evolutivo do planeta. São espírito evoluídos intelectualmente mas de baixa moral”, explicou o representante da Doutrina Espírita Ed Márcio Damião dos Reis, do Centro
Questionado sobre os carmas de cada um, Ed Márcio comentou: “Todos, na maioria, trazemos carmas que nós mesmos escolhemos para resgatar. Mas nem sempre o espírito consegue cumprir aquilo que programou, por isso terá novas oportunidades até que depure seus débitos sem adquirir novos. Nem todos reencarnam para resgatar, alguns reencarnam em missão de auxílio”.
E até quando um espírito reencarna?
“O espírito inicia a sua jornada através do átomo, passando pelos reinos mineral, vegetal, animal e hominal, até se tornar arcanjo, ou seja, construtores siderais do universo ao lado de Deus”, pontuou Romão. Ed Márcio trabalha com o grupo de psicografia ‘O Serenar das Almas’, na Casa Espírita Nhá Chica.
Seguidores da doutrina Espírita acrescentam que há processos cármicos inseridos na reencarnação que são como uma obrigação a ser cumprida pelo espírito, como por exemplo os casos de algumas doenças, problemas sociais e outros considerados regeneradores do espírito.
Mas a reencarnação como conceito e norma religiosa é de milhares de anos atrás. O hinduísmo, a religião mais antiga do mundo, menciona o termo samsara.
São como uma espécie de cadeia de nascimentos e mortes ligadas pela reencarnação. É preciso controlar o samsara, sendo a lei do carma, acumulado no curso da vida. Boas ações criam bons carmas e más ações criam carmas negativos.
Já para o espírita, o termo carma é um só, não sendo ruim e nem bom, muito mais relacionado ao resgate em provas para saldar débitos contraídos para com a vida em existências anteriores por meio de infrações à ‘Lei de Causa e Efeito’.
Mas vale ressaltar que nem tudo é carma, ou destino, pois se uma pessoa trombar o carro ao dirigir bêbada e morrer se trata de suicídio.
Outra religião que aceita a reencarnação é o Budismo, mas não na condição pura e simplesmente de resgate, contudo de renascimento.
O renascimento na concepção budista não é a transmigração de um espírito, de uma identidade substancial, mas a continuidade de um processo, um fluxo em que as vidas sucessivas estão conectadas umas às outras através de causas e condições.