Pós morte – A última maquiagem é a definitiva

Vida de agente funerário não é nada mole. Responsável por preparar o cadáver para a sua última exposição pública, os profissionais da área têm que estar prontos quando o assunto é vaidade após a morte.

A última maquiagem é de fato definitiva, e expõe o caráter peculiar que muitas famílias possuem no momento do velório do ente querido. Especialmente quando se trata de mulheres, quando são exigidos verdadeiros tratamentos de salão.

O empresário do setor funerário Jácomo Brioschi Filho é o mais antigo na área em toda a região e nos contou um pouco sobre este momento: “a maquiagem é feita de acordo com cada família, as vezes a família tem quem faça, sempre tem uma amiga que faz, mas quando não tem a gente providencia tudo para que ocorra conforme pedido pela família para esta última apresentação do ente querido”.

Brioschi Filho sobre quais produtos são utilizados, se existe algo diferente dos usados em vida: “não tem nada diferente, é tudo igual aos usados em vida, a não ser quando se vai fazer a recuperação devido a um acidente. Aí se injeta um material que é da cor da pele”.

O fundador da Funerária Itapirense contou que não são todas as famílias que pedem maquiagem: “não é uma regra, tem família que não gosta ou não faz questão”.

Conversamos também com um ex-agente funerário que atuou em Itapira e que agora trabalha em outra área, morando inclusive na cidade de Campinas. Por questões particulares, preferiu o anonimato.

Ele contou que que passou por algumas situações inusitadas. Em uma delas, conta ele, teve que cortar as unhas dos pés de uma mãe de família. “Tentei argumentar que os pés não apareciam no caixão, mas não adiantou. As filhas estavam emocionalmente abaladas e a gente acabou cedendo por causa do momento doloroso”, observou.
Outras situações ditas além do normal aconteceram em mais de 12 anos de serviço. O agente se lembra de um caso bizarro em que teve que chamar o cabelereiro para que ele cortasse o cabelo de certa senhora. “Também passei rímel, cortei as unhas das mãos e passei esmalte”, declarou.
Ele destacou que as famílias são exigentes quando se trata de mulheres idosas, mas requerem uma maquiagem mais simples e natural, inclusive com base e rouge. “Porém, quando são moças, os pais pedem que as deixem bonitas como foram em vida”, finalizou.