O último pasteleiro da família Kashiba na ‘ativa’
Um legado gastronômico de mais de 70 anos em Itapira parece que está entrando em sua última geração, para tristeza de muita gente. É que tudo indica pelo menos, já que o último pasteleiro da família Kashiba, o carismático Luiz Carlos Tochiro Kashiba, não tem, no momento, um herdeiro da tradicional prática culinária.
Com 53 anos atuando na área ele tem orgulho de destacar que começou aos 13 anos no ramo e não parou mais. “Gosto do que faço, se pudesse escolher uma profissão, escolheria essa mesmo”, brincou.
É praticamente impossível falar de pastel em Itapira e não mentalizar esta família de imigrantes japoneses que aportaram por aqui para trazer além da disciplina e o respeito dos orientais, essa iguaria que fincou raiz no coração dos itapirenses.
Desde 1984 a tradicional pastelaria está situada no coração da cidade, na parte de baixo da Praça Bernardino de Campos mas, no começo, era na rua comendador João Cintra, ao lado do banco Bradesco, em frente à Banca do Trinca.
“Tudo começou por volta de 1952 com meu avô Massakito, meu pai Hideo e meu tio Luis, mas ele deixou a pastelaria e foi trabalhar no posto de gasolina. Depois veio o Chico Kashiba, que continuou com meu pai e meu vô”, lembrou Tochiro.
Depois de alguns anos ocorreu a separação dos Kashiba, com Tochiro ficando com seu pai no ponto e os irmão Chico e Sebastião Kashiba abrindo a pastelaria deles na rua José Bonifácio.
Na lida diária de preparar as massas e recheios dos pastéis, Tochiro tem ao seu lado a esposa Margarete, a irmã Vera e um bem montado time de colaboradoras. Diga-se de passagem, lá a predominância é de mulheres, somente Tochiro e o entregador do delivery têm espaço por lá.

Pelo andar da carruagem seus dois filhos não vão seguir o caminho de seus ancestrais já que possuem profissões fora da pastelaria. Mas o mundo é cheio de surpresas, vai saber…
Nostálgico, Tochiro lembra das coisas que viu acontecer e das transformações da região central de Itapira: “vi de tudo aqui, desde a reforma da praça, da demolição dos casarões que deram lugar aos bancos, comércios, construção do viaduto Tiradentes. Casas da família Cintra, do Murilo Arruda, do João Nogueira, do Raposo e de tantos outros que por aqui moraram”.
Ele faz questão de repetir com todas as palavras o prazer de ser um dos mais tradicionais pasteleiros da história da cidade: “o importante na vida são as amizades que fiz aqui, conheci muita gente, onde vou todo me conhece, isso é o importante na vida da gente”, filosofou.
Mesmo com tantos anos de história, a pastelaria teve que se reinventar durante a pandemia de Covid-19 e começou a fazer entregas de pasteis e outros salgados: “foi uma necessidade que pegou e não parou mais, entregamos até hoje em residências, comércios, empresas”, contou.
O estabelecimento trabalha em período integral de segunda a sexta-feira e até por volta das 13 horas aos sábados. O fone para entrega é o 3863-1126, que também atende pelo WhatsApp no mesmo número.
