O ano que RITA LEE tocou em Eleutério
O bucólico, rural e histórico distrito do Eleutério não teria ficado famoso apenas por causa da Revolução Constitucionalista de 1932. Por volta de 1968-1969, o bairro tranquilo foi sacudido pelo furacão Rita Lee Jones Carvalho, a Rita Lee, que, ao aceitar o convite das filhas de um reconhecido fazendeiro, veio a Itapira e fez dos cômodos da propriedade local de ensaio para músicas do seminal conjunto Mutantes.
Esta matéria foi publicada originalmente em junho de 2013 na versão impressa do jornal A Gazeta Itapirense.
Quem lembra bem da visita ilustre é o radialista Luiz Antônio da Fonseca, o Toy, um dos privilegiados que acompanharam de perto as ‘apresentações’ de Rita, à época em parceria musical com a também roqueira Lucinha Turnbull, a primeira mulher brasileira a tocar guitarra elétrica.
À época, Rita e Lucinha formavam as Cilibrinas do Éden, uma dupla que rendeu certo sucesso para a carreira artística de ambas e catapultou influências para o cenário roqueiro do país.
“Vieram além delas, o baterista, guitarrista e baixista, mas não eram dos Mutantes”, declara Toy Fonseca, radialista que, por meio de fontes, ficou sabendo da visita da trupe de Rita Lee.
“Meses antes, eu havia entrevistado a Lucinha e mantive contato com pessoas próximas dela, garantindo informações sobre a cantora que crescia na opinião pública antes de 1970”, contou.
Toy observou que a fazenda hospedou os músicos ficava bem próxima de Eleutério. Foi para lá em companhia do amigo José Augusto Gaudio, o Guto, e confirma hoje que Rita foi bastante receptiva 54 anos atrás. “Ela passou algumas músicas e conversou comigo logo após. Não havia uma disciplina de horário da banda, pois queriam apenas sossego. Era ruivinha, bonita para o porte físico dela. Já tinha aquele humor ácido que sempre a caracterizou”, explicou o radialista ao Gazeta.
“Mas a Lucinha foi muito mais simpática conosco. Estava mais disposta a falar”, confidenciou Fonseca.
Toy informou ainda que Rita e Lucinha também passearam por Itapira. Foram ao Parque Juca Mulato e na Praça Bernardino de Campos tomaram sorvete do China. “Eram alegres, joviais e bastante extrovertidas. Duas mulheres à frente do seu tempo, com certeza”.
Mas as peripécias de Rita Lee não ficaram por aí. Ao lado de Lucinha, foi convidada para uma festa na casa de Elói Franco, em que uma das irmãs do anfitrião fazia aniversário. “Ficaram pouco, mas tomaram cuba libre. Foram embora rápido devido ao oba-oba e porque insistiam para que tocassem. No fundo, elas só queriam tranquilidade, mas era impossível: Rita Lee já era famosa”.
