Gazeta Itapirense

Nossa História: Saque ao casarão dos Frasseto

“O movimento teve o mérito de contestar o governo provisório, centralizador e autoritário de Getúlio Vargas, no entanto criou e estimulou o sentimento bairrista paulista, como se ‘ser paulista’ fosse algo superior aos demais brasileiros. Os dois lados combateram, mataram e morreram em nome do Brasil. Para uns, eleições livres e Constituição soberana eram essenciais. Para outros, indispensável era manter o regime discricionário instalado em 1930, permitindo reformas profundas e radicais inviáveis sob o regime da discussão e do tráfico político.”

No casarão da família Frassetto, em Eleutério, havia um telefone, e naquele momento em que as tropas nacionalistas estavam se aproximando do território paulista, era essencial manter a comunicação com os grandes centros, bem como o repasse das notícias recebidas. Esta incumbência coube ao jovem Atílio Frassetto que, com apenas dezessete anos de idade, realizou com extrema habilidade a tarefa, enquanto permaneceu no casarão.

Seus irmãos mais velhos, que residiam no mesmo casarão, tendo famílias formadas, decidiram que a saída do local seria a atitude mais prudente e representava o meio mais seguro para resguardar a integridade dos seus. Hermínio tinha uma filha pequena, Maria Eunice, e sua esposa Elvira se encontrava grávida novamente. Antonio e Sebastiana também tinham uma filha, Terezinha, de apenas quatro meses. Fugindo dos bombardeios através de pastos e de matas, caminhando por várias horas, foram acolhidos na Fazenda do Salto, de propriedade do Cel. José de Souza Ferreira, onde um tio de Sebastiana era administrador.

O casarão dos Frassetto foi invadido pelas tropas federais e o local foi transformado em alojamento para os soldados. Todo o estoque do armazém, que ficava no andar térreo da construção, foi saqueado para servir de alimento aos invasores. Quando tudo terminou e eles deixaram o local, a destruição foi total. O proprietário do casarão, Guglielmo Frassetto conseguiu ser indenizado pelo governo após haver travado uma luta judicial de durou anos. A parca remuneração foi apenas simbólica, pois não chegou a devolver em praticamente nada as perdas por ele contraídas naquela invasão.

No final dos confrontos as tropas inimigas dos paulistas estavam prestes a incendiar o casarão quando, por intermédio de um cunhado de Guglielmo ele foi salvo. Este, afirmou junto ao comandante que ali residia uma família de mineiros (os primeiros filhos da família Frassetto nasceram em Jacutinga-MG) e solicitou que aquele ato não fosse praticado.

Após o triste episódio puderam retornar à residência e retomar suas vidas. Ao chegarem, a primeira providência de Hermínio foi confirmar se teria sido mais esperto que os invasores. Dito e feito. Antes da partida ele havia escondido todo o dinheiro que possuíam dentro da cisterna da casa. Respiraram aliviados, pois o esconderijo havia sido perfeito. Tudo estava no mesmo lugar.

“Com a derrota da revolução constitucionalista, seus principais líderes foram presos e levados para a Casa de Correção no Rio de Janeiro. O povo soube enfrentar a situação, com a confiança dos que não ignoravam estar ganha a causa no terreno moral, principalmente pelo triunfo de São Paulo, o grande Estado que se impôs contra a nação.”

Fonte: Livro “Famiglia Frassetto” e acervo fotográfico de Nadalete Maria Frassetto Gomes.  

 

Publicado originalmente na versão impressa de A Gazeta Itapirense de 09 de julho de 2011    

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