Gazeta Itapirense

Nossa História: O exame de admissão

Sou de um tempo em que o respeito, com o perdão da redundância, era tratado com respeito. Lembro bem das noites de domingo, quando a praça central da cidade recebia centenas de pessoas, ávidas por um bate-papo com conhecidos e por momentos de lazer ao som da banda Lira.

A praça, recém reformulada, ostentava a matriz como baluarte da arquitetura e da fé das pessoas. O soar dos sinos era o sinal para que todos que ocupavam a praça parassem de andar, falar ou o que estivessem fazendo naquele momento.

Era a senha para que as pessoas que ocupavam os bancos se levantassem e aguardassem pelo final do repicar para retomarem o que haviam interrompido.

Prédio onde funcionou a Escola Técnica de Comércio
Professor Fenízio Marchini

Esse tempo, claro, ficou no passado, um passado repleto de costumes e gestos respeitosos, como pedir a bênção aos pais, avós, tios e padrinhos. Ou chamar de senhor ou senhora os mais velhos.

Lembro bem das brincadeiras na rua de casa todas as noites. Podia ser pega-pega, futebol ou qualquer outra brincadeira. Quando os ponteiros do relógio se aproximavam das dez da noite era hora de tomar o rumo de casa, sem esperar pelo chamado dos pais.

No meu tempo de criança estudar no ginásio era o sonho de 10 entre 10 alunos do primário. Para conseguir uma vaga era preciso passar pelo exame de admissão e, para tanto, aulas particulares eram ministradas na Escola Técnica de Comércio.

O grupo escolar Dr. Júlio Mesquita

Lembro bem dessas aulas, à tarde, em período contrário ao das aulas no Júlio Mesquita, onde menino estudava no período da manhã e menina freqüentava as aulas à tarde.

No cursinho preparatório para o exame de admissão era importante aproveitar ao máximo as instruções dos professores Fenízio Marchini e Orlando Dini, pois só assim as chances de entrar para o ginásio eram concretas. Fiz a minha parte, garantindo minha vaga com sobras e notas expressivas.

IEEESO – Instituto de Educação Estadual Elvira Santos Oliveira
Professor Orlando Dini

São lembranças de um tempo que não volta mais, que ficaram guardadas no meu baú de memórias e que são desenterradas sempre que algum fato me transporta no tempo. Aí, volto a ser aquele menino magricela de orelhas grandes, sempre atento aos fatos e aos ensinamentos que a vida nos reserva.

Vista interna do IEEESO com parte do galpão e a quadra de cima

Matéria publicada originalmente na versão impressa de A Gazeta Itapirense em 22 de fevereiro de 2014 pelo jornalista Humberto Butti

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