Nossa História: Meu único jogo no velho Chico Vieira
Sou de um tempo em que jogar futebol na rua era algo comum. Um tempo em que não havia tantos veículos nas ruas, principalmente à noite.
Lembro bem das brincadeiras na rua onde ficava minha casa. À noite, sem movimento de carros, era naquela rua de paralelepípedos que jogávamos futebol.
Apesar da pouca distância entre minha casa e o velho estádio Chico Vieira, que ficava ao lado do Parque Juca Mulato, eu frequentava aquele local apenas em companhia de meu pai quando havia algum jogo importante. Jogar ali, para nós, garotos, era algo inimaginável.
Lembro como era a arquibancada de madeira e o barzinho do Soliani. Também tenho na memória alguns momentos vividos naquele lugar.
Aos oito anos, ainda um menino magricela de orelhas grandes, eu nem sonhava em pisar naquele gramado, reservado aos grandes craques da época como Pereta, Capota, Carlucha, Lero, Iquinho e tantos outros. Mas, um dia, isso mudou e tive a oportunidade de jogar naquele campo. Uma única vez, mas que valeu pela vida toda.
Lembro bem que estava brincando com uma bola na frente de casa quando fui convidado para fazer parte do time do bairro dos Prados que iria enfrentar a Guarda Mirim.
O convite, feito pelo Paulo Pedro, que mais tarde viraria Pedro Paulo e faria sucesso como jogador da Ponte Preta, era para integrar o time de baixo, os aspirantes, formado por garotos da minha idade.
Prontamente aceitei o convite. Afinal, iria pisar naquele gramado pela primeira vez.
Lembro bem que joguei no ataque e nosso time venceu por 1 a 0, gol do Hélio, irmão mais novo do Paulo Pedro.
Do jogo principal não recordo o placar, mas lembro que nosso time também venceu e que o árbitro da partida foi meu tio José Rubens, ainda seminarista, que estava na arquibancada e foi convidado para dirigir a disputa.
Um tempo depois o campo acabou. Foi transferido para o alto da Duque de Caxias, bem longe de minha casa, mas minhas lembranças daquele dia ficaram guardadas.
Recordações assim permanecem para sempre. Afinal, de que vale a vida se não tivermos boas recordações de um tempo que passou, mas que deixou marcas indeléveis em nossos corações.
Por Humberto Butti
Texto publicado na edição do dia 27 de junho de 2013 na versão impressa do jornal A Gazeta Itapirense.