Gazeta Itapirense

Nossa História: A Festa de São Benedito do meu tempo

Acredito que cada uma das pessoas que já freqüentaram a Festa de São Benedito, ou como costumamos dizer, Festa de Maio, tem uma história para contar ou algo para relembrar. Afinal, seria impossível não guardar recordações de algo que faz parte da existência de cada itapirense.

Sempre fui fã de carteirinha da Festa de Maio. Desde quando era criança e voltava para casa no colo de meu pai, com um boné tipo aviador para esquentar minhas ‘pequenas’ orelhas, sempre gostei daquele clima da festa, suas particularidades, suas peculiaridades e todo o ritual que cerca a devoção ao santo.

Lembro bem que no meu tempo de criança as barracas eram bem diferentes das de hoje. Feitas com ripas de eucalipto e vedadas com jornal, exalavam o aroma delicioso do pinhão quentinho, o cheiro incomparável do churrasquinho e, para quem gostava, do quentão.

Tinha a barraca do Lopes, na esquina da Cônego Guerra Leal com a Saldanha Marinho; a barraca dos Moreira, bem em frente ao leilão; a barraca dos Rosa, ao lado dela; a barraca antiga da igreja, onde quem era adolescente adorava enviar correio elegante. Tudo tão diferente dos dias de hoje. As três margeando a linha do trem, que já não existe mais, e que tinha aquele pontilhão ligando o largo da festa à rua Comendador João Cintra, rua da minha casa e que por esse motivo era o caminho que a gente mais usava para chegar à festa.

Tão diferente que até o clima é outro. No meu tempo de criança fazia frio na época da festa. Hoje dá pra ir de bermuda e camiseta.

Eu gostava mesmo era de brincar nos brinquedos – naquela época eram apenas a roda gigante, o cavalinho, os carrinhos que giravam e o barco -, comer pinhão, quebra-queixo, martelinho – um doce feito com pedaços de coco, semelhante ao quebra-queixo – e ver as barracas de quinquilharias.

Adorava quando meu pai comprava aqueles elastiquinhos que a gente colocava na ponta dos dedos e atirava pedaços de casca de laranja. Hoje não se vê mais nada disso, apenas cocada, cocada, cocada, um monte de roupas e calçados nas barracas e cocada.

O lado religioso também sempre me encantou. As procissões da coroa e de São Benedito, a alvorada com a presença da Banda Lira, que saía da sede defronte a casa em que passei a maior parte da minha vida, a movimentação durante o dia 13 e tantos detalhes que fazem a memória viajar no tempo.

A festa mudou muito, mas minha paixão por ela continua a mesma. Agora, que tenho a oportunidade de levar minha pequena Mariane a tiracolo, então, ficou ainda melhor.

 

  • Matéria publicada originalmente na versão impressa do jornal A Gazeta Itapirense pelo jornalista Humberto Butti
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