Itapira perde o professor Zé Barreto
Foi confirmada a morte de um dos maiores nomes da cidade em toda sua história, o professor de educação física José de Oliveira Barretto Sobrinho, o Zé Barreto. Ele estava internado devido a problemas de saúde e não resistiu, vindo a falecer na noite desta segunda-feira, 27. Contava 87 anos de idade.
Ele nasceu em Itapira no dia 05 de outubro de 1935. Filho de Joaquim de Oliveira Barretto e Ruth Cintra Barretto, cursou o Preparatório na escola particular da professora Diva Ornellas, estudando posteriormente no Ginásio do Estado e se formando como professor primário no Curso Normal.
Neste meio tempo, trabalhou na loja de tecidos e armarinhos de sua família, a Casa Barretto, e mascateou nos sítios e fazendas do município.
Entre os anos de 1956 e 1958 ingressou em primeiro lugar na Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil, que funcionava na Praia Vermelha, que depois de alguns anos transformou-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi transferida para a ilha do Fundão. Cursou também uma Especialização Técnica de Massagem Desportiva, na USP, que depois se transformou em Curso de Fisioterapia, e o Curso Técnico de Natação, também na USP.
Em sua incansável vida de luta em favor do esporte e da saúde física e mental, José Barretto trabalhou Sociedade Pestalozzi do Brasil, no Rio, com foco na educação e assistência à criança portadora de deficiência. Trabalhou também com meninos e adolescentes da favela do Leme.
Foi voluntário no trabalho com os adolescentes carentes da Fundação Romão Duarte, no Flamengo, e para os alunos do Curso primário do Colégio Piedade, no subúrbio carioca.
Trabalhou também na Clínica de Reabilitação próxima do Hospital Matarazzo com acidentados do trabalho, casos de poliomielite, treinamento com próteses para amputados dos membros e outros casos. Foi professor no Ginásio Estadual de Mairiporã e professor de Educação Física no Lar Escola São Francisco, com sessenta deficientes físicos. Trabalhou no Departamento Infanto-Juvenil e com adultos no Clube Atlético Paulistano.
Em Itapira, teve um salão de Fisioterapia no andar térreo do sobrado de sua família, com mesa de massagem, espaldar sueco, aparelho de raios infravermelhos etc. Tratou de casos de poliomielite, bronquite, acidentados e outros.
Entre 1961 e 1986 foi professor de Educação Física do Instituto Estadual de Educação “Elvira Santos Oliveira” (IEEESO). Introduziu atividades físico-desportivas no tratamento de pacientes no então Sanatório “Américo Bairral” e na Clínica de Repouso Santa Fé. Durante a administração do prefeito José Antônio Barros Munhoz, Barretto coordenou o Esporte Municipal, trabalhando paralelamente na Prefeitura Municipal de Itapira e no Colégio Integral Aplicado Anglo entre 1986 e 2002.
Foram inúmeras as atividades desenvolvidas pelo professor Zé Barretto, como é carinhosamente conhecido em Itapira. Em novembro de 1961, realizou a I Caminhada de São Paulo a Itapira – um percurso de 179 Km. No ano de 1962, durante a semana da Pátria, realizou a I Olimpíada Estudantil, desfilando, neste mesmo ano, no aniversário da cidade em 24 de outubro e apresentando, entre outras atrações, uma Pirâmide Humana de três andares.
Viajou a Los Angeles e Nova Iorque através de um Concurso de Bolsas de Estudo do DEFE, patrocinado pelo Governo Federal. Em 1963, assistiu aos Jogos Panamericanos em São Paulo.
No ano de 1966 nadou 5.000 metros em 1 hora e 45 minutos na piscina do Clube de Campo Santa Fé. No ano seguinte foram 6.000 metros em 2 horas, 13 minutos e 30 segundos. Dez dias mais tarde foram 400 piscinas de 25 metros em 3 horas, 37 minutos e 31 segundos.
Em 1968 a Associação dos Professores de Educação Física do Estado (APEF-SP) fez uma interessante campanha envolvendo os seus sócios e possibilitou que duzentos professores viajassem para assistir à XIX Olimpíada da Era Moderna, na cidade do México, e Zé Barretto foi um dos contemplados.
Em 1970 o professor realiza o primeiro Passeio de Bicicletas com uma turma de Educação Física até a cidade de Mogi-Mirim, pela estrada antiga. Passeio este que se tornaria tradicional em Itapira com a participação de milhares de pessoas. Em 1977, iniciou com senhoras e senhoritas as aulas noturnas de Ginástica no salão do Lar São José.
Em 1981, para comemorar os 20 anos da Caminhada de São Paulo a Itapira, realizou a I Caminhada do Circuito das Águas com 90 km de percurso, saindo de Itapira às 6h30, passando por Lindóia, Serra Negra, Amparo e chegando em Itapira, no mesmo ponto da partida: a Casa da Cultura. Diversos foram os eventos realizados, como a I Maratona Itapira – Mogi-Mirim, com 42.195 metros, em 1987.
Em 1990, a estrada vicinal que liga Itapira a Mogi Guaçu foi asfaltada. Neste mesmo ano realizou-se a I Caminhada da Integração saindo de Itapira, passando por Mogi Mirim, Mogi Guaçu e chegando a Itapira, no mesmo lugar da partida: a Praça Bernardino de Campos, numa distância total de 46 km.
No ano de 1995, juntamente com dois atletas itapirenses, Gilberto Almeida Martins, com então 36 anos, e Caíbre Zordan Pio, de 51 anos, a II Caminhada de São Paulo a Itapira, seguindo o mesmo percurso: com largada defronte à Igreja da Consolação atravessaram São Paulo seguindo pela Via Anhanguera, passaram por dentro de Campinas e Mogi-Mirim, chegando à rua principal de Itapira.
Neste mesmo ano um grupo do Lions Clube e alguns executivos da fábrica de Papel Nossa Senhora da Penha, liderados pelo Sr. Carlos Yonezawa, procuraram o professor Zé Barretto para ministrar aulas de atividades físico-desportivas. Nascia aí o Grupo “Qualidade de Vida”.
Em 28 de fevereiro de 1999, ano em que completaria 64 anos, concretizou a ideia de enfrentar o segundo desafio na piscina de 25 metros, do Clube de Campo Santa Fé, superando a sua marca anterior. Foram 10.050 metros nadados. Outros eventos importantes foram a “Caminhada 2000” – Ida e Volta a São Paulo – 364 Km e 400 metros; Caminhada do Lar São José – 10 Km; Passeios de Bicicletas a Mogi Mirim – Ida e Volta de 24 Km com 14 subidas e Caminhada da Integração.
Em fevereiro de 2001, o Hospital das Clínicas de São Paulo convidou 100 atletas com mais de 60 anos que haviam completado os 15 Km da Corrida Internacional de São Silvestre de 2000 para participar de uma Pesquisa. Durante cinco dias foram examinados nos Departamentos de Ortopedia, Geriatria, Fisioterapia, Laboratório de Estudo do Movimento, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Serviço Social, Exames de Laboratório, Raio-X, Isocinético, Densitometria Óssea, Ergo-espirometria e Baropodometria.
José de Oliveira Barretto Sobrinho casou-se com Zuma Claudete Duarte Barretto, com quem teve os filhos Momaya Duarte Barretto de Souza, Kleber Duarte Barretto, Klaus Duarte Barretto e Kaique Duarte Barretto que deram a ele quatro netos.
Seu velório já começou no Velório da Saudade e o sepultamento ocorre às 16 horas no Cemitério da Saudade.