Ida de Rostirolla para SAMA causa estranhamento entre ambientalistas

Fossem talvez outros tempos, onde todas as atenções não estivessem voltadas para um único assunto (covid), muito provavelmente a nomeação de José Aparecido Perentel Rostirolla, (o “Zé Maria”, como é popularmente conhecido) para a titularidade da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente (SAMA), teria tido uma repercussão maior.

Bellini anunciou o novo secretário no dia 1º de Abril, e não foi mentira. Quem vinha respondendo interinamente pela pasta era o biólogo Anderson Martelli, o qual, há muitos anos vem sendo o principal formulador das políticas ambientais em nível da SAMA e até por isso mesmo era um nome muito cotado para assumir o comando da Pasta.

Esse foi o ponto que mais chamou a atenção entre pessoas aqui da cidade com histórico de militância na área ambiental: o fato de Rostirolla ser um “estranho no ninho”.

Com 35 anos de serviço público, Rostirolla jamais esteve posicionado do lado do meio ambiente. Entre as pessoas ouvidas pela GAZETA, foram muitas as lembranças de que ele esteve presente em pelo menos duas polêmicas mais atuais relacionadas à questão ambiental; a supressão de árvores nativas em uma área verde próxima a um empreendimento imobiliário e da erradicação das leucenas das margens do Ribeirão da Penha, evento este que colocou em lado opostos o ex-prefeito José Natalino Paganini e os ativistas ambientais.

O advogado Cristiano Florence, reconhece que Rostirolla não possui em seu currículo elementos que o credenciassem a uma indicação para o cargo de Secretário da SAMA e chegou a mencionar os fatos já citados com relação à atuação dele na erradicação de árvores. Mas disse que prefere dar um voto de confiança. “Torço para que ele faça um bom trabalho”, disse.

Florence disse que faltou por parte da administração municipal se posicionar – independentemente de que fosse empossado como titular da área ambiental da cidade – a respeito de questões que considera de fundamental importância, mencionando duas delas; o processo de revitalização do Ribeirão da Penha e uma gestão mais transparente do aterro sanitário.

O advogado destaca que existe uma percepção de que o Ribeirão da Penha vem definhando ano a ano e que este processo precisa ser revertido. “Evidentemente que eu gostaria que o novo Secretário se posicionasse. Seria interessante ouvir dele o que pensa a respeito do assunto”. Com relação ao aterro sanitário, Florence defende que haja uma maior transparência no processo de gestão de forma a garantir que o equipamento inaugurado em novembro do ano passado, tenha uma vida útil longa e tenha acrescidas medidas mitigadoras, como por exemplo, a criação de uma usina de compostagem na cidade.

A ambientalista Maria Odete Aparecida Moreira Mello, a Odete Mello, pessoa que tem uma enorme folha de serviços em prol da causa ambiental no município, avalia que a escolha de Zé Maria para o cargo de titular da SAMA teve motivação política. “Acho importante ter nas diversas Secretarias pessoas que tenham experiência e conhecimento na área que vão atuar”, posicionou-se. Com relação à nomeação de Rostirolla, avalia que a situação se repete. “Não foi levado em consideração experiência e conhecimento nas áreas de Agricultura e muito menos em relação ao Meio Ambiente”, observou.

Odete avalia que historicamente a pasta da Agricultura e Meio Ambiente vem sendo tratada pelos governantes municipais com uma importância menor do que deveria ter. “Infelizmente essa pasta é vista com menos importância. Desde os recursos que são destinados até a sua gestão. Triste”, completou.