Gazeta Itapirense

Em 20 meses, Itapira supera a casa das 10 mil pessoas que pegaram a Covid

O “número mágico” de 10 mil pessoas infectadas pela Covid em Itapira, desde que o primeiro caso foi registrado na segunda quinzena de março do ano passado, foi atingido neste primeiro dia de dezembro. Segundo boletim divulgado pela assessoria de comunicação da prefeitura oficialmente, 10.006 pessoas foram infectadas na cidade, cerca 15% da população local.

Especialistas, no entanto, calculam que esse número deve ser ainda maior, se for levado em conta que muitas pessoas que pegaram a doença se mostraram assintomáticos e não entraram nas estatísticas.

Para atingir o primeiro milhar de contaminados, foram necessários cerca de 4 meses. A GAZETA pesquisou arquivos da prefeitura e constatou que os primeiros mil contaminados não apareceram nos registros oficiais por causa da observância das regras eleitorais que inibem esse tipo publicação. Em 2020 houve eleição municipal.

O resultado prático disso foi que existe uma lacuna a partir da segunda quinzena de agosto até o começo de outubro, sem registros oficiais. A anotação mais próxima dos mil pacientes contraminados é de 14 de agosto e apresentava 858 pessoas infectadas. O primeiro milhar de pessoas contaminadas, muito provavelmente, ocorreu na semana seguinte.

Os registros dos dois mil pacientes foram aparecer 90 dias depois, em 25 de novembro, com 2076 pessoas infectadas, aí já um número oficial. Os três mil seriam atingidos em 02 de fevereiro (na verdade 3.010). No início de abril, chegou-se à casa de 4.032. A partir daí o número de casos explodiu. Em 31 de maio já eram 7.003, chegou a 8 mil no dia 08 de junho e cerca de 40 dias depois, atingiria em 15 de julho, 9.012.

Para atingir os 10 mil casos, foram necessários 135 dias, quatro meses e meio, período que coincide com o avanço da vacinação e a chegada da chamada “imunidade de rebanho”, com quase 80% da população local vacinada com pelo menos duas doses.

 

Consequências

 

A chegada dos 10 mil infectados coincide também com uma nova escalada da doença na cidade. Para se ter uma ideia, em novembro foram 123 novos casos, mais do que outubro e setembro juntos. Esse crescimento, pelo menos até o presente momento, não tem influenciado o atendimento na rede municipal de saúde, mas preocupa as autoridades de saúde.

De qualquer forma, a disseminação do vírus trouxe muitos problemas. A cidade precisou aprender a lidar com o enfrentamento da doença. Foram canalizados recursos públicos (municipal, estadual e federal) de grande monta. Expressões como “drive trhu”, “lives”, isolamento e distanciamento social, passaram, a fazer parte do cotidiano das pessoas. Atividades econômicas foram afetadas, aumentando o desemprego. Ao mesmo tempo, a comunidade se mobilizou em campanhas para arrecadar alimentos para ajudar as famílias mais necessitadas

A população conheceu pela primeira vez o uso obrigatório de máscaras. A indiferença inicial com que muitas pessoas lidavam com o assunto passou a dar lugar a um tipo de convencimento forçado na medida em que os casos de internações em ambiente de UTI explodiram, acompanhado na mesma proporção do número de óbitos. No dia 17 de maio deste ano, em um único dia foram anunciados 08 mortes por covid.

Em 11 de junho, o recorde de novos contaminados em um único dia, 111 pessoas com a doença. Em meio a essa situação de caos, a população passou a acompanhar mais de perto a atuação dos agentes de saúde, e não foram poucas as manifestações de carinho e incentivo a eles dirigidos durante esse período. Cenas com pessoas que passaram tempo prolongado em ambiente de UTI recebendo alta, se tornaram icônicas no sentido de demonstrar que a doença podia ser vencida.

 

Vacina

 

A partir de fevereiro, quando chegaram as primeiras dose da vacina, abriu-se uma nova porta de esperança. Apesar do forte movimento dos contrários às vacinas agindo, principalmente, nas redes sociais, os itapirenses, assim como a grande maioria do povo brasileiro fizeram a opção correta. Os efeitos da vacinação começaram a aparecer somente a partir da terceiro trimestre, quando os indicadores do atendimento na área de saúde começou a embicar para baixo, resultando na desmobilização da maior parte dos leitos de UTI e até mesmo do “Hospital de Campanha” – nome genérico dado ao espaço criado junto ao CVT para acolher pessoas infectadas.

Apesar dessa nova realidade, autoridades da Saúde preferem a cautela, reforçada recentemente pela disseminação de uma nova variante do vírus, que já apavora parte da população mundial. Pessoas como o Secretário de Saúde, Vladen Vieira, que não abandonam o discurso de que as mesmas medidas que ajudaram a conter a doença na cidade, como uso de máscaras, distanciamento social, evitar aglomerações, higienização das mãos e se vacinar de forma correta, não podem ser negligenciadas no atual momento.

Pessoas aguardam atendimento em tenda montada junto ao Cais Irmã Angélica em abril de 2020, no momento em que o número de casos da doença começava a crescer na cidade

 

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