Gazeta Itapirense

Editorial: Toninho Bellini e as barbas no molho

Não faz muito tempo, neste espaço, aventamos a antecipação do fim da lua de mel de Toninho Bellini com a população de Itapira. Não poderíamos imaginar que haveria uma ruptura do “nós contra eles” e aparecesse o “nós contra eles e mais os outros”.

Bellini – não é novidade para ninguém, nem para o próprio – só enveredou na política itapirense depois de ser o único a conseguir encarnar a figura antitotonhista, num golpe de sorte, deixando de lado a competência para apostar no desgaste natural das administrações e na imagem negativa do deputado sistematicamente construída pelos apoiadores bellinistas. Assim ele venceu as eleições em 2004 e 2008.

Nas eleições do ano passado, Toninho, não sentindo que a estratégia vencedora de 2004 e 2008 seria suficiente para reconduzi-lo à cadeira maior da João de Moraes (depois da derrota em 2012), buscou uma aliança “para inglês ver” com Bolsonaro, na tentativa de angariar os votos bolsonaristas itapirenses, até então majoritários na cidade. Tomou distância dos antigos amigos de esquerda. Foi para o PSD, partido que gravita em dois ou mais mundos. Arquitetou a formação do PSL e filiou Mario da Fonseca que foi apresentado como vice na chapa. Funcionou! Além dos votos antitotonhistas, conquistou a maior parte dos votos bolsonaristas da cidade, que não eram poucos naquele momento. Venceu a eleição.

Quando a estratégia é manca, o tempo se encarrega das consequências. Mario da Fonseca nunca arrastou asas para a direita. Toninho vem buscando aproximação sorrateira com o Governador Dória, seguindo todas as determinações das restrições estaduais contra a Covid, sem apresentar uma posição clara sobre a doença e nem um plano específico para a cidade. Consequência: os bolsonaristas perceberam que entraram numa barca furada.

Os motoristas de van, apoiadores incontestes do presidente Bolsonaro, que já estavam de orelha em pé, viram a falta de sensibilidade da administração ao atender o setor de transporte de alunos da rede municipal e lhes dar o silêncio e uma bela banana, como desfechos previsíveis. Estão se insurgindo contra o grupo situacionista, fixando Bellini como mandante supremo.

O que será daqui para frente, ainda não se sabe ao certo. Mas é previsível que os perueiros despertem os demais bolsonaristas sobre o engodo. O caminho dos bolsonaristas itapirenses ainda não está traçado, mas é possível prever que eles formem mais um bloco de oposição. Caso esse prognóstico se verifique, é recomendável que Toninho Bellini e seus aliados coloquem as barbas de molho. Os próximos três anos, oito meses e vinte dias poderão ser torturantes.

PS.: A Gazeta Itapirense repudia qualquer ato de violência contra o prefeito ou qualquer ser humano e desaprova os comentários agressivos veiculados nos áudios que circulam nas redes sociais contra ele. Questionar as ações do poder público é um direito cidadão, apelar para a violência é barbárie.

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