Gazeta Itapirense

Editorial: Quando a fome pede passagem

No último sábado, dia 16, foi comemorado o Dia Mundial da Alimentação, data decretada pelas Nações Unidas estabelecendo que o alimento é um direito de todo ser humano. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) passou a trabalhar com o conceito de segurança alimentar para que os governos assumam a responsabilidade de evitar que a população dos seus respectivos países passe fome.

Existe uma diferença entre fome e insegurança alimentar. Fome é uma sensação biológica que nos avisa que precisamos buscar o alimento. Insegurança alimentar é quando o indivíduo sente fome, mas não tem com o que matar a fome naquela hora ou nem sabe quando vai poder se alimentar.

A FAO estimou recentemente que cerca de 50 milhões de brasileiros estão vivendo em situação de insegurança alimentar grave ou moderada, quando o Brasil desperdiça alimento devido as condições inadequadas de colheita ou de manuseio ou de armazenagem ou de transporte ou nas vendas ou nas casas dos brasileiros. O Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam alimentos, cerca de 30% de tudo o que é produzido.

Dia desses uma mulher foi presa, passou 14 dias na prisão, depois furtar para matar a fome produtos que totalizaram R$ 21,69. O artigo 23 do Código Penal estabelece que não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade. Mas como a legislação deixa dúvida sobre o que é estado de necessidade, quando falta sensibilidade, a prisão acontece.

Os supermercados consideram nas suas planilhas de 2% a 3% para a cobertura de perdas relacionadas a produtos que se estragam e furtos de clientes. Tecnicamente, os R$ 21,69 dessa mulher entraria na conta que todos os clientes bancariam. De qualquer maneira, cabe aos governantes dar assistência e evitar que a fome leve as pessoas ao roubo ou a vasculhar os lixos domésticos ou de restaurantes.

O Brasil se destacou em 2014 quando deixou o chamado Mapa da Fome em 2014, depois de implantar o Fome Zero e o Bolsa Família, ações que foram adotadas por vários países europeus. Sabemos como e o que fazer. Só precisamos de agilidade. Que ninguém passe fome neste país. Que ninguém precise roubar para matar a fome.

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