Gazeta Itapirense

Editorial: O impacto da morte de uma personalidade; sincero ou insincero

A morte de Marilia Mendonça para muitos foi difícil de acreditar. O avião dela, que caiu nesta sexta-feira, 5, estava praticamente inteiro e não pegou fogo, fatos raros nesses acidentes. Por isso, as redes sociais foram invadidas com postagens de que todos teriam saído vivos da cabine, com poucas escoriações. Depois do desmentido, enquanto a morte da cantora não foi oficialmente informada, os fãs, grudados nos noticiários, aguardavam por uma boa notícia, que infelizmente não ocorreu.

Assim que a notícia de que o avião caído numa cachoeira, próxima de Caratinga/MG, poderia ter Marilia Mendonça a bordo, todas as emissoras de TV aberta e de noticiosos das TVs por assinatura interromperam a programação normal para dar cobertura ao vivo do acidente. Todas com alto índice de audiência. Nas redes sociais, não se falava noutra coisa. Assim foi até o sepultamento. Programas especiais sobre a rainha da sofrência dominaram as programações até este domingo, 7, e poderão perdurar por alguns dias.

Mortes trágicas e precoces ocorrem a todo instante. Nem por isso, leva grande número de pessoas a se envolverem, salvo instantes de curiosidade. Quando morre uma grande personalidade, principalmente jovem e no melhor momento da carreira, milhões de pessoas sentem como se fosse da família ou de grande amizade. Será que esse sentimento é sincero?

É possível que algumas manifestações sejam crivadas de insinceridade, mas os fãs e a maioria dos que a conheciam e dos que nem gostavam do estilo dela estão verdadeiramente sentindo a morte dela. O sociólogo Michael Brennan, em entrevista ao site QZ, quando analisava a morte de outras celebridades, tempos atrás, explicou que esse forte sentimento de perda está relacionado com as músicas que foram importantes na vida da pessoa e o quanto elas serão no futuro em relação aos relacionamentos e sonhos. Michael escreveu: “Ao entrarmos no luto por uma pessoa famosa, os fãs também estão em luto pela perda de relações pessoais, pela perda de algo dentro de si mesmos, de suas memórias”.

A psicóloga Hamira Riaz diz que a morte de uma celebridade também nos lembra da nossa própria mortalidade, que podemos morrer a qualquer momento, sozinhos ou não, não importando quão rico ou talentoso sejamos.

Brennan reforça que a presença de artistas, principalmente os cantores e cantoras, nas nossas vidas realmente deixa marcas profundas: “Somos tão bombardeados pela presença de celebridade em nosso cotidiano que a perda é, de fato, real”.

 

Marilia Mendonça Foto reprodução do Twitter

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