Gazeta Itapirense

Editorial: A Covid está assustando os itapirenses, não por acaso!

O Brasil enfrenta o período mais mortal da pandemia. Bate recordes sucessivos no número de mortes e casos. A tendência, infelizmente, é de agravamento maior neste mês de abril. Não é de hoje que especialistas brasileiros e do mundo inteiro indicam os caminhos da ciência a serem seguidos. Teimosamente, o Brasil vem adotando posturas e decisões equivocadas que nos conduziram à liderança mundial no ranking de mortes diárias, superando, inclusive, países mais populosos.

O papel do jornalismo é buscar a notícia, investigar e informar corretamente seus leitores. Só a informação correta do que está acontecendo pode produzir bons resultados. Não é papel da imprensa esconder a realidade. Para isso, a Gazeta buscou especialistas no assunto, que depois de estudarem os informes oficiais sobre Covid e compararem os números de Itapira com os do estado de São Paulo e do Brasil, apresentaram um cenário, no mínimo, preocupante.

A comparação dos números de Itapira com os do estado e do país é pertinente ao se considerar que a pandemia tende a apresentar números proporcionalmente semelhantes, considerando o tamanho da amostra, o contágio aleatório e o espaço de tempo superior a um ano. Nesse estudo devem ser observadas e estudadas as discrepâncias significativas.

Para efeito de comparação, foram usados dois períodos: do início da pandemia até o final de 2020 e de 1º de janeiro a 1º de abril de 2021. O mês de janeiro passou a ser considerado um ponto de inflexão na pandemia.

A tabela abaixo mostra que a média diária de 2021 dos casos confirmados em Itapira aumentou 341% em relação à média diária de 2020; São Paulo, 230%; Brasil, 219%.

Esta segunda tabela mostra que a média diária de mortes confirmadas em 2021 apresentou uma variação de 351% em relação à média diária de 2020; contra 202%, no estado de São Paulo; e 218%, no Brasil: mais uma discrepância significativa.

O que justificaria tamanhas distorções? Uma explicação possível poderia ser a baixa testagem. O que não deve ser o caso, pois o testar pouco é uma realidade estadual e nacional. A outra justificativa poderia estar nas ações de governo e/ou no comportamento irresponsável do próprio itapirense. Uma pergunta é cabível: quem seria o responsável por tal divergência?

O prefeito? Em princípio, não. A pandemia e o efeito arrasador das variantes não podem ser creditadas diretamente a nenhum governante, principalmente aos prefeitos que seguem orientações superiores na maioria dos casos.

Cabe ao prefeito dar o exemplo dos cuidados básicos que devem ser tomados pelos cidadãos; contratar profissionais de saúde para atender a demanda, quando crescente; manter o estoque de insumos; adquirir os equipamentos necessários; buscar recursos estaduais e federais com presteza para que eventuais atrasos nos repasses não comprometam os atendimentos; apresentar, fiscalizar e se antecipar com medidas restritivas para evitar o agravamento; se solidarizar com as vítimas; liderar as equipes de trabalho. Obviamente, equipe de saúde subdimensionada, exausta e mal equipada resulta em aumento no número de mortes evitáveis.

A população? Com certeza, sim. Para não adoecer e não contagiar ninguém é preciso estar convencido de que essa doença pode atingir qualquer pessoa e levá-la à morte do dia para a noite. Para evitar: é necessário respeitar as medidas restritivas; não se aglomerar futilmente; usar máscara quando estiver na rua ou em contato com outras pessoas; evitar contato com superfícies possivelmente contaminadas; não levar as mãos ao rosto antes de higienizá-las corretamente; não falar alto quando estiver perto de outras pessoas e nem se aproximar muito de quem não respeita essa regra; manter distância de familiares, inclusive moradores da mesma casa, e de pessoas amigas sem ter certeza absoluta de que elas são cuidadosas e evitam o contágio a qualquer custo. Devem ser evitados contatos com os sem noção: pessoas que se aglomeram com facilidade, que participam de festas, churrascos, encontros ou baladas de forma aberta ou às escondidas.

Os números apontam para um agravamento da Covid em nossa cidade. O tão temido fechamento geral e a trágica interferência no nosso direito de ir e vir poderão se tornar realidade a qualquer momento. Talvez tenhamos que nos submeter, finalmente, ao lockdown de verdade.

 

 

 

 

 

 

 

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