Gazeta Itapirense

Celular: Aliado ou Vilão?, por Nino Marcati

Ao observar a diversidade da população global, considero que existem basicamente três grupos sociais distintos em relação aos telefones celulares: aqueles que não possuem recursos financeiros para adquirir ou manter o aparelho; os que residem em áreas remotas desprovidas de cobertura; e os que evitam o celular como se fosse algo a ser temido. Na minha perspectiva, nos dois primeiros grupos, uma vez superadas as barreiras, a adesão será instantânea. Quanto aos resistentes, a missão de dissuadi-los é uma questão de tempo.

Os celulares penetraram rapidamente em nossas vidas e ocuparam prontamente um lugar central. Com eles, capturamos fotos, gravamos vídeos, definimos alarmes, jogamos, trocamos mensagens, agendamos compromissos, exploramos redes sociais, navegamos na internet, consultamos mapas de qualquer região do mundo, confiamos em orientações de trânsito, participamos de aulas, realizamos reuniões profissionais ou familiares, e até iluminamos ambientes escuros com suas lanternas. A lista é interminável, sem mencionar os inúmeros aplicativos disponíveis para todos os gostos. Ah, quase esqueci, também é utilizado como telefone.

Curiosamente, apesar das inúmeras comodidades oferecidas, a tecnologia celular não escapa às críticas. Desde as mais leves, como a disponibilidade constante, até as mais graves, como o uso abusivo associado a transtornos de ansiedade, depressão e nomofobia (medo de ficar sem o celular), o dispositivo enfrenta críticas. Além disso, golpes virtuais, invasões de privacidade, disseminação de notícias falsas, cyberbullying afetando a saúde mental dos adolescentes, fofocas cibernéticas prejudicando a reputação e até mesmo a vida das pessoas, somam-se à lista negra dos celulares. Será que o celular é amigo ou inimigo?

De fato, esse pequeno dispositivo, repleto de ferramentas úteis para o nosso cotidiano, gera simultaneamente alegrias e tristezas. Pode-se afirmar que as alegrias superam as tristezas, não é mesmo? Para a humanidade, desafios desse tipo não são novidade. Desde as inovações iniciais, como a domesticação do fogo para cozinhar alimentos e se proteger do frio, até a invenção da imprensa, que abriu as portas para o conhecimento, e os computadores, que revolucionaram o mundo, a adaptação da humanidade sempre demandou tempo. O celular é ainda uma inovação em fase de ajustes.

Recentemente, em um supermercado da cidade, enquanto eu estava no estacionamento dentro do meu carro, observei uma pessoa sentada sozinha à mesa, segurando o celular. Ao iniciar uma conversa, deixou de estar sozinha, e seu rosto expressava claramente satisfação. Perguntei a mim mesmo: estaria ela contente com o aparelho ou por estar interagindo com alguém querido? Trocaria ela aquela conversa virtual por um encontro presencial? Refleti que, se as interações virtuais fossem suficientes, não sentiria a necessidade de trocar o conforto de casa por uma mesa com quatro cadeiras, três delas vazias.

Apesar de a tecnologia oferecer um vasto leque de opções, o relacionamento humano permanece atemporal. Nada substitui uma conversa olho no olho. O sabor é único. Nada substitui um encontro entre amigos. A alegria é incomparável. Nada substitui um jantar em família. A conexão é especial. O celular não é um vilão; somos nós que muitas vezes o valorizamos excessivamente como uma máquina. Contudo, isso também passará!

Nino Marcati

 

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