Gazeta Itapirense

Carne cultivada em laboratório divide opinião em Itapira

A divulgação da produção de proteínas alternativas tem levado ao crescente interesse dos consumidores por querer saber o que são essas carnes produzidas em laboratório. Na realidade, o termo não é tão preciso, porém remete ao cultivo de células animais para a produção de carne que se assemelham à de frango e boi, por exemplo.

O Brasil, que é um dos maiores produtores de proteína animal do mundo, possuindo cadeias produtivas que possibilitam a oferta de carnes in natura de excelente qualidade biológica, já discute a regulamentação do mercado de carnes cultivadas, justamente para não ficar atrás do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que já até liberou instalações de duas empresas para produzirem este alimento, ainda considerado exótico para muitas pessoas.

O técnico em agropecuária, Eduardo Augusto Martins, que trabalha na Casa da Agricultura de Itapira, e que conhece a realidade dos produtores de carne, pois ele próprio já fora produtor de ovinos de corte, avalia que o assunto é polêmico e vai exigir uma excelente regulamentação por parte dos agentes sanitários e da qualidade alimentar.

“Para mim é tácito acreditar que a carne cultivada é um produto que parece ter menos propriedades nutritivas do que a carne que estamos acostumados a comer. As proteínas da carne in natura são muito melhores por conta da qualidade de produção”, advertiu. “Sou contrário à chamada carne cultivada”, alegou.

Técnico agropecuário, Carlos Eduardo, não é favorável ao produto de laboratório

Os defensores das proteínas alternativas alegam que a produção de carne cultivada visa atender a preocupação com o impacto ambiental da produção tradicional e o tratamento dado aos animais envolvidos.

No entanto, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção brasileira de proteína oriunda de animais é altamente sustentável e, no quesito bem-estar animal, um exemplo para o mundo.

O açogueiro itapirense João Mariano da Silva Filho, que atua na profissão há mais de 25 anos, menciona que o assunto ainda está longe dos balcões, e nem imagina como a carne cultivada através de células animais chegará ao consumidor.

“Parece ser um assunto muito distante da nossa realidade, mas acredito que a ciência seja muito rápida. Então, logo as pessoas terão mais essa opção nos supermercados e nas casas de carne”, observou.

O açougueiro João Mariano acredita que a carne cultivada logo estará à disposição do consumidor

No entanto, para o açougueiro, a procura por carne de vaca, frango, peixes, ovos, e suínos continuará grande por conta do sabor do produto, e principalmente da vivência social que as pessoas têm com o produto.

“As relações sociais em torno da carne, como num churrasco ou eventos específicos como jantares, continuarão a acontecer. E o prazer de saborear um bom pedaço de carne, sem excesso, continuará sendo importante para a alegria e a saúde das pessoas”, declarou.

CARNE CULTIVADA

A carne cultivada em laboratório tem início com a obtenção de células de um animal.

Essas células são então nutridas com água, sal e nutrientes como aminoácidos, vitaminas e minerais. As células se multiplicam em grandes tanques chamados cultivadores ou biorreatores.

Após a colheita, o produto se assemelha a carne moída e pode ser transformado em hambúrgueres, salsichas ou filés. Essa carne não contém ossos, penas, bicos ou cascos, e não requer abate.

Carne cultivada em laboratório da Unicamp: uma realidade perto de nós

 

 

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