Bairral garante que fugas de dependentes químicos caíram 80%
O diretor do Instituto Bairral, Afonso Henrique Bevilacqua Baleeiro de Lacerda, garante que as ações que a instituição vem colocando em prática, há 4 meses pelo menos, já teriam reduzido a evasão de dependentes químicos de forma considerável.
A redução seria de aproximadamente 80%, o quê em números totais significariam 23 fugas entre outubro e novembro ante 73 em agosto, quando o hospital, que é referência internacional em psiquiatria e no tratamento de dependentes químicos, bateu o recorde de fugas e passou a colecionar críticas contundentes da população itapirense.
Apesar das evasões ainda acontecerem, Lacerda destaca que a instituição não tem ficado de braços cruzados e confirma que tem buscado implementar medidas que evitem que os dependentes ganhem as vias públicas facilmente.
Por exemplo, na parte estrutural, foram identificados os locais mais utilizados pelos assistidos para fugirem, e reforçadas as medidas de contenção. Também tem realizado a busca ativa dos fujões em conjunto com as forças de segurança, quando necessário, para identificar quem acessou a rua.
Além destas medidas, o diretor do Bairral salientou que houve um reforço no acolhimento aos dependentes químicos, muitos vindos de São Paulo, bem como a adoção de protocolos cada vez mais humanizados na assistência clínico-terapêutica, que dura três meses, que garantam uma adesão cada vez maior ao tratamento.
“Temos implantado medidas integradoras com as famílias, juntamente com órgãos de suporte como o Narcóticos Anônimos (NA), os Alcoólicos Anônimos (AA) e o Amor Exigente; sem se esquecer do caráter ecumênico-religioso, sem doutrinação diga-se, além de muitas outras atividades internas de caráter social e terapêutico ocupacional”, alegou.
Lacerda destacou à reportagem de A GAZETA que a direção do instituto, e suas equipes de atendimento e de práticas, já previam transtornos consequentes da abertura de mais 100 vagas para o atendimento aos dependentes químicos, o que ampliou a capacidade de leitos via SUS (Sistema Único de Saúde) para 320.
“E os pacientes que aqui recebemos possuem um caráter agudo, o que amplia o nosso desafio de oferecermos um atendimento correto para que haja uma adesão voluntária”, explicou.
A maioria dos pacientes vem do Hub (centros de acolhimentos e de recuperação de São Paulo), mas também chegam por meio da regulação da DRS-14 (Direção Regional de Saúde), de São João da Boa Vista.
No entanto, Lacerda comenta que, com exceção das internações compulsórias (aquelas que a Justiça obriga), a maioria consiste de adesões pessoais ao tratamento, ou seja, de caráter eminentemente voluntário.
Isto significa que o hospital não tem como coibir ou obrigar o paciente a se tratar. Em outras palavras, o dependente químico é livre e pode ‘se dar alta’ a qualquer momento. Mesmo assim, os fujões representariam a menor porcentagem de todos os pacientes.
“Em caso de desistência ao tratamento fazemos uma busca ativa das famílias e as contactamos, e também solicitamos aos pacientes que aguardem 24 horas até que sejam providenciadas as passagens para o retorno às suas cidades de origem”, disse Lacerda, que citou que levou as reclamações dos itapirenses ao conhecimento da Secretaria Estadual de Saúde, “que já estaria tomando medidas”, garantiu.
Entretanto, as evasões têm causado contrariedade na população e jogado lenha na fogueira no volume de críticas ao Bairral, que tem passado como omisso entre os itapirenses.
Isto acontece porque muitos dos dependentes que desistem do tratamento acabam ficando em Itapira, e parte deles é suspeita de praticar furtos ou está relacionada ao incômodo dos munícipes.
“Eles acabam pedindo esmolas ou comida na porta das casas. E isso causa contrariedade”, declarou José Bernardes, presidente do Conselho de Segurança (Conseg). Bernardes confirma que o problema vinha se avolumando, mas que deu uma retraída nos últimos dois meses. Mesmo assim, pretende oficiar novamente o Bairral a que informe as medidas que vem sendo adotada para mitigar as fugas.
Apesar do “refresco” na onda de evasões, Bernardes acredita que a situação não permite abaixar a guarda. Por isso levou o assunto para a reunião do Gabinete de Gestão Integrada (GGI), em que participam representantes da GCM, PM e Polícia Civil, dentre outros órgãos relacionados à segurança pública, nesta última terça-feira, na Prefeitura.