Gazeta Itapirense

Aumenta em Itapira total de casos de abusos contra crianças

A pretexto da passagem do Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes – lembrado sempre a cada dia 18 de maio – a GAZETA quis saber do Conselho Tutelar de Itapira como a questão vem evoluindo na cidade. E as informações colhidas junto aos quatro conselheiros que compõe o órgão, dão a dimensão de como o assunto preocupa as autoridades.

De janeiro a maio deste ano, o órgão atuou na elucidação de 08 casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes, o dobro do número de casos registrado no mesmo período do ano passado. “Entendemos que desdobramentos causados pela chegada da pandemia influenciaram de forma direta o crescimento do número de casos, não só de abuso sexual, mas também de maus tratos, negligência e acolhimento institucional”, disse a conselheira Maísa Fernanda da Silva.

Além dela, participaram da conversa Andressa Rocha Schwarcz, Luana Aparecida Zacarioto e Vitor Hugo de Freitas que cumprem mandato desde 2020 no Conselho Tutelar.

Na avaliação unânime dos conselheiros trata-se de um fenômeno que continua desafiando as autoridades por causa das dificuldades em combatê-lo. A conselheira Luana acrescenta que os casos relatados não correspondem na visão dela e dos colegas ao total que de fato ocorrem no dia a dia. “Estes casos que cuidamos são aqueles que chegam até nós na forma de denúncia”. Segundo a conselheira, muitas pessoas hesitam em fazer uma denúncia, temendo represálias do agressor, geralmente alguém que mora sob o mesmo teto que a criança.

Maísa explica que o tipo de agressão varia muito conforme o caso. Ela explica, por exemplo, que um ato libidinoso, como passar as mãos em partes íntimas, forçar um beijo, também são considerado abusos de natureza sexual. Ainda de acordo com a equipe, uma espécie de “conformismo” com a situação acaba favorecendo os agressores. “O tipo de convivência destas crianças com os agressores consiste muitas vezes em achar normal este tipo de comportamento, dada a permissividade do ambiente onde a criança ou o adolescente moram”, observa Luana.

 

Escolas

 

O fechamento das escolas, segundo Vitor Hugo, se tornou um fator a mais que contribuiu para o aumento da impunidade, já que segundo os conselheiros, é na sala de aula onde muitos casos de abuso são detectados. “A gente precisa fazer uma investigação sempre muito criteriosa e a partir dela dar o encaminhamento correto para o caso”, reforça Andressa.

O primeiro passo quando os indícios de que o abuso foi cometido são aceitos pelos conselheiros é o envio da criança ou adolescente para um exame de perícia médica. Aí entra em cena a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) que dá provimento ao processo, que não raramente pode resultar na detenção da pessoa acusada e até na retirada da guarda da criança se a Justiça assim entender ser necessário.

Ao finalizar a conversa, os quatro conselheiros afirmaram que uma data especialmente criada para lembrar a existência desta chaga social tem o mérito de fazer com que a sociedade reaja com indignação, sem pretextos para “se jogar o lixo para debaixo do tapete”, apoiando o trabalho feito pelas autoridades que cuidam deste tipo de assunto.

Os telefones para denúncias são: Disque 100 (telefone ou site), 3843 3370, ou 3843 5219. A sede do Conselho Tutelar mudou há um ano, da rua da Penha, para a rua da Saudade, número 61, bairro da Santa Cruz.

 

 

Conselheiros Tutelares têm feito elogiado trabalho no atendimento às crianças e adolescentes que têm seus direitos cerceados

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