Gazeta Itapirense

Artigo: O moço do disco voador, por Nino Marcati

Sempre que me afastava da cidade e me deparava com um céu estrelado, dedicava longos momentos à contemplação da beleza do Universo, esperando ansiosamente por algum sinal, uma luz incomum, que pudesse indicar a presença de algo distante observando nosso planeta. Contudo, tal evento nunca se concretizou.

Recentes estudos no âmbito do Universo observável sugerem a existência de pelo menos 2 trilhões de galáxias. Considerando que a nossa Via Láctea abriga cerca de 100 bilhões de planetas, podemos imaginar a existência de mais de 100 sextilhões de planetas em nosso vasto universo. Essa magnitude alimenta a crença de que ao longo do tempo, outros planetas podem ter desenvolvido condições propícias à evolução de seres vivos.

Apesar da busca incessante por evidências científicas conclusivas sobre a existência de vida extraterrestre, até o momento não as temos, não por falta de empenho e investimentos. As investigações envolvem a análise de exoplanetas em zonas habitáveis, indicando a possibilidade de existência de água líquida. Missões espaciais exploram luas em nosso próprio sistema solar, com oceanos subsuperficiais que podem abrigar formas de vida microbiana.

A busca pela descoberta de vida extraterrestre é motivada pela convicção de que, uma vez comprovada, será um marco sem precedentes, alterando completamente nossa compreensão do universo.

A procura por vida inteligente fora da Terra remonta a milênios, mas era no olhômetro. Há aproximadamente 50 anos, iniciamos investigações científicas usando radiotelescópios para procurar sinais do espaço, avançando com telescópios avançados e algoritmos sofisticados. Recentemente, a respeitada revista científica Astronomical Journal publicou um novo método chamado Elipsoide SETI, destinado a rastrear possíveis assinaturas tecnológicas de vida extraterrestre. A ideia é baseada na premissa de que civilizações avançadas poderiam usar eventos astronômicos, como explosões estelares, como atalhos para enviar mensagens.

Em resumo, a supernova SN 1987A, que ocorreu há cerca de 200.000 anos na Grande Nuvem de Magalhães, galáxia vizinha à Via Láctea, é o ponto focal do projeto Elipsoide SETI. Ao fixar a localização da Terra e da SN 1987A, os cientistas traçaram uma área em forma de ovo, na esperança de que civilizações mais avançadas pudessem utilizar a luz gerada pela explosão para enviar sinais. Essa técnica permitiria que uma eventual mensagem intergaláctica viajasse à velocidade da luz.

Apesar da complexidade dessa abordagem, a humanidade nunca teve tantos recursos científicos à disposição para procurar vida extraterrestre. Com esse projeto, agora temos um espaço delimitado para essa missão. Quem sabe, talvez tenhamos mais sorte!

Nas próximas vezes em que eu estiver deitado em um gramado, contemplando uma noite estrelada e presenciar algo extraordinário, talvez eu possa entoar a música de Raul Seixas que diz: “Oh! Oh! Seu moço!/Do Disco Voador/Me leve com você/Pra onde você for/Oh! Oh! Seu moço!/Mas não me deixe aqui/Enquanto eu sei que tem/Tanta estrela por aí.”

Por: Nino Marcati

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