Gazeta Itapirense

Artigo: De eleição em eleição, o eleitor muda o papo!

Em 6 de outubro, teremos a responsabilidade de eleger o próximo prefeito para governar Itapira e formar a câmara municipal que legislará de 2025 a 2028. As circunstâncias indicam uma campanha que exigirá dos candidatos o entendimento do novo perfil do eleitor em desenvolvimento. Optar por estratégias antigas ou pela mesmice poderá não ser uma decisão sábia.

É sabido que o eleitor aprimora suas escolhas ao longo do tempo, progredindo a cada eleição. A evolução não acontece instantaneamente. Ao compararmos o tempo de experiência democrática contínua, observamos que a Inglaterra respira esse ar há 335 anos; os Estados Unidos, 237; a França, 235; a Alemanha, 75; e o Brasil, modestos 35 anos. A falta de prática talvez explique nossas eventuais más escolhas.

Nos últimos dez anos, o Brasil passou por experiências peculiares: as manifestações de 2013 que marcaram o início das mudanças políticas, lava jato, impeachment, petrolão, ascensão da direita radical, eleição e governo Bolsonaro. Lula foi condenado, preso, solto, recuperou seus direitos políticos e foi eleito pela terceira vez, intensificando a polarização e culminando no fenômeno chamado de calcificação*.

A política tornou-se o foco principal das conversas, causando divisões. Diferentemente do passado, as rixas persistiram fora do período eleitoral, elevando o nosso nível de politização. Não somos mais os mesmos eleitores de 2018, 2020, nem de 2022.

No âmbito municipal, especialmente em municípios com menos de 100 mil habitantes, a preocupação com o cuidado da cidade e dos moradores continua prevalente, mas neste pleito, espera-se um nível de exigência ainda maior. Além das prioridades como saúde, segurança, educação, limpeza pública, habitação e transporte coletivo, o meio ambiente ganhará destaque devido às recentes ondas de calor, sendo necessário, por exemplo, aumentar a quantidade de árvores na cidade. Temas relacionados a costumes, crenças, valores familiares e sociais poderão integrar as preocupações do eleitorado. Ou seja, o candidato a prefeito não ditará mais a pauta da eleição como sempre acontecia e precisará estar preparado para qualquer desafio. Com a rapidez e abrangência das redes sociais, as preocupações do candidato aumentarão, pois uma palavra mal colocada, um gesto inadequado ou uma fake News poderão prejudicar significativamente uma candidatura bem-posicionada.

Os indícios indicam que estamos pertos do ponto de inflexão do ciclo democrático. Os desígnios da elite política perderão espaço para as reais aspirações da maioria da população. É possível que vislumbremos mudanças paulatinas já a partir do próximo ano em relação aos eleitos, como o de deixar de ser meros expectadores/torcedores para assumir a cidadania de fato e de direito. Que assim seja! A democracia é o único regime que nos permite esperançar. A esperança de um país e de uma cidade cada vez melhor.

* A calcificação transcende a mera polarização, manifestando-se no endurecimento das posturas políticas, na diminuição da tolerância à divergência e na dificuldade de diálogo entre diferentes grupos políticos. Esse fenômeno é impulsionado pela fragmentação do espectro político, pela radicalização das elites e pelo emprego das redes sociais para disseminar informações falsas e desinformação.

Nino Marcati

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