Artigo: Apertem o cinto, tenham criatividade e procurem inovar!
Tive acesso às informações compartilhadas pelo Antonio Lanzana, presidente do Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, e um sinal relevante foi dado à economia brasileira com a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 (alta de 2,9%): o baixíssimo nível de investimento público, que ficou na casa de 1,5%, em valores líquidos, no ano passado. “É um dado alarmante, pouco para garantir sustentabilidade de crescimento”, comentou Lanzana.
Nos últimos anos, as margens estavam maiores: foram de 2,02%, em 2021, e de 2,53%, em 2022. Essa taxa, no entanto, já superou a casa dos 10% do PIB, em 1977, e estava acima dos 4% até 2013. Investimentos públicos, vale lembrar, são recursos do governo investidos em melhorias no País, como infraestrutura ou serviços das empresas estatais, por exemplo.
A inflação é outro elemento a ser observado com cautela. Nas palavras de Fabio Pina, assessor da FecomercioSP, calcula-se que o crescimento nacional sempre se dá em torno de 60% da taxa de investimento público. Nesse sentido, entender o avanço do Brasil em janeiro — alta de 0,60% do PIB em comparação a dezembro — passa pelo processo inflacionário. “Pode não ser imediato, mas os preços tendem a subir novamente”, nos deixa o alerta Pina.
Segundo as informações no agregado de 12 meses, a inflação brasileira é de 4,5%. Ainda continuando os detalhes que recebi, os setores produtivos experimentam momentos distintos hoje: a Indústria, por exemplo, caiu 1,6% em janeiro, enquanto os Serviços subiram 0,7% e o Comércio — melhor resultado entre eles —, 2,5%. São sinais dos fluxos diferentes de investimentos tanto em relação ao governo quanto à iniciativa privada. De acordo com Lanzana, contudo, o indicador que melhor ajuda a compreender a conjuntura econômica do País, agora, é o avanço significativo das exportações em geral.
No primeiro bimestre de 2024, as vendas do Agronegócio para o exterior subiram 34% em comparação ao período homólogo. Na indústria extrativista, o avanço foi de 61%, enquanto na de transformação, 6%. Esses números definem o momento positivo, apesar dos sinais de alarme existentes. “É um resultado significativo para a melhora da economia brasileira neste início do ano”, bem contemporizado pelo presidente do conselho.
Seguindo a linha, Jaime Vasconcellos, assessor da Federação, menciona a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que mensura o crescimento do setor mais robusto do PIB mês a mês.
No agregado anual, o indicador apontou alta de 2,4%, sendo que nos chamados “serviços prestados às famílias”, que definem o consumo pela lógica da demanda, o aumento foi de 4,2%. “O problema desse número é que é como se a economia do Brasil estivesse andando com base no curtíssimo prazo”, analisa.
Jaime nos chama atenção para olhar para os dados do comércio, que, na comparação anual, estão em alta: a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, mostrou que o setor cresceu quase 7% no acumulado de um ano, com destaque para os segmentos de hipermercados e automóveis.
Na outra ponta, segmentos como o de vestuário registram desempenhos abaixo do período pré-pandemia. Nesse caso, o patamar atual é 19% menor do que o de fevereiro de 2020, no início da crise da Covid-19. Os números explicam por que muitos lojistas de roupas, calçados e acessórios olham para a conjuntura do País com estranheza e incerteza. “Considerando que 40% do varejo é composto por esse tipo de negócio, as disparidades entre a realidade e os dados são justificáveis”, completa.
O Agronegócio, por sua vez, acende o sinal de alerta para 2024 em meio aos sinais de retração vindos do mercado global e das condições internas. Em fevereiro do ano passado, a saca de 60 quilos de soja estava saindo do Porto de Paranaguá, no Paraná, a R$ 172, valor que foi de R$ 118 no mês passado. A média do ano passado inteiro foi de R$ 165, para se ter uma ideia. Além disso, os produtores esperam uma redução significativa, em torno de 20%, na produção do grão neste ano, devido a fatores climáticos. Vale lembrar que, em 2023, o setor cresceu significativos 15,1%, definindo o bom resultado do PIB brasileiro, com alta de 2,9%.
Em janeiro, mês em que o Brasil cresceu 0,60%, o agro colaborou com um acréscimo de 14,8% nas exportações. O resultado geral do mês, porém, foi menor do que o de dezembro (0,82%). Especialistas acreditam que, entre 2024 e 2025, o agronegócio brasileiro passará por uma reorganização, o que significará quedas de áreas plantadas e, por consequência, de geração de empregos.
Assim, se os números e dados que hora são apresentados, tornarem tendência, é certo que teremos nos próximos anos momentos difíceis que somente com muita criatividade, inovação e determinação poderão ser superados.
Por: Nelson Theodoro