Gazeta Itapirense

Apelidos exóticos, por Humberto Butti

Que o brasileiro é pródigo em inventar apelidos todo mundo sabe. Basta comparar times de futebol de outros países com os nossos, recheados de nomes exóticos.
Nos tempos atuais nem tanto, pois salvo algumas exceções a maioria é conhecida por nome e sobrenome ou nomes duplos. Mas, antigamente, era Pelé, Didi, Vavá, Garrincha, Tostão, Beto Fuscão, Zico, Quarentinha e por aí afora.
Durante nossa vida mesmo, quantas e quantas figuras ficaram conhecidas pelo apelido ou até mesmo por um nome que não era o seu. Alguém por acaso sabe que o Pedro, pai do Dão Rossi, não se chama Pedro e sim Onofre?
Acredito que muita gente desconhece esse detalhe que fez até mesmo o Onofre se esquecer de seu próprio nome. Certa vez, quando ainda era sócio do Mingo Bruzasco no açougue, ao atender uma ligação telefônica e ouvir a pessoa do outro lado da linha pedir para falar com o Onofre, virou-se imediatamente para o sócio e perguntou quem era esse tal de Onofre.
Mas, povo pródigo em colocar apelidos e daqueles bem exóticos eu conheci nos meus tempos de Usina Nossa Senhora Aparecida. Lá, dificilmente alguém era conhecido pelo nome.
E tinha cada apelido! Era Cido Bacate, João Cudiguia (melhor escrever emendado, embora leia-se separado), Gatão, Zé Sóco, Pacu, Bertozo, Zé do Mato, Coitão, Canário, os irmãos João de Lau e Cido de Lau, entre tantos outros.

Aparecido Alberti, o Cido de Lau

Tinha também os que eram conhecidos pelo local onde trabalhavam como Sebastião Manoel, que era o Bastião da Bomba; o José Luiz Gonçalves, transformado em Zé Luiz da Balança; o José Scholz, conhecido como Zé do Armazém. Ou aqueles que já carregavam o apelido desde criança como o Lito e o Nô, filhos do Zé Luiz da Balança; o trio Lelo, Nado e Dô, filhos do José Maria de Queiroz; o Zezinho do Juca, assim conhecido por ser filho do Juca; o Chupeta, o Pará e o Murilinho, nascido Waldomiro Fernandes, mas até hoje chamado assim por ser um pouco parecido com o doutor Murillo Arruda.
Infelizmente, nos dias de hoje já não há mais habitantes na colônia, como eram conhecidas as casas da longa rua que ligava a estrada até a moenda. Já não há mais casas, já não há mais habitantes, restou apenas a história de vida de cada uma das pessoas que ali viveram, formaram suas famílias e ganharam apelidos exóticos.

*Humberto Butti é jornalista e escritor, autor dos livros O Menino Magricela de Orelhas Grandes e Passagens e Personagens da Vida.

 

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