Gazeta Itapirense

A nossa casa é um canto sagrado, por Nino Marcati

Nossa residência é um local sagrado, de acordo com os preceitos bíblicos, que enaltece a família como uma instituição divina, fundamental no plano de Deus. Portanto, é crucial que ela seja estabelecida em um ambiente repleto de amor, recebendo cuidados e proteção adequados. Este ambiente propício se manifesta na habitação, princípios esses adotados por muitas nações que consideram a moradia como um preceito essencial. Desde 1948, a ONU reconhece este direito, e desde 1988, a Constituição Brasileira assegura a competência comum da União, estados e municípios para fomentar a construção de residências, melhorar as condições habitacionais e garantir o saneamento básico.

Entretanto, a realização dessa tarefa complexa no curto prazo é desafiadora. Logo, é responsabilidade do líder político priorizar essa obrigação, visando a redução do déficit habitacional e a minimização de habitações precárias. O déficit habitacional, originado de transformações sociais como o êxodo rural e a evolução do perfil familiar, requer atenção especial.

Nas décadas de 70 e 80, observamos uma migração sem precedentes. Em Itapira, por exemplo, o censo de 1970 indicava que um terço dos habitantes residia na zona rural. Em pouco tempo, essa proporção mudou drasticamente para 91% na cidade e 9% no campo. O anseio por uma moradia própria acelerou a construção de habitações precárias, em muitas cidades brasileiras, refletindo no ditado popular “quem casa, quer casa”. Prefeitos, preocupados com o bem-estar da população, agiram para facilitar o acesso a casas e terrenos populares, evitando a favelização e suas consequências sociais, como o aumento da criminalidade.

Curiosamente, em Itapira, alguns grupos políticos contrários à obrigação constitucional, passaram a disseminar a ideia de que as casas populares eram responsáveis pelo crescimento desordenado da cidade, alegando que a maioria das unidades beneficiava pessoas de outros municípios. Isso, no entanto, era uma falsa afirmação. Comparando os censos de 1970 e 2022, a população itapirense cresceu 185%, enquanto a população brasileira, paulista e cidades vizinhas apresentaram aumentos mais expressivos*. As habitações populares, longe de causarem danos, proporcionam qualidade de vida e impedem a proliferação de moradias precárias.

Os atentos observadores podem confirmar que ao longo das últimas quatro décadas, Itapira verdadeiramente atraiu residentes de outras localidades, pessoas que tiveram a opção de selecionar esta cidade como seu lar para trabalhar, morar ou desfrutar da aposentadoria, devido à qualidade de vida proporcionada. Diversos indivíduos optaram por se aposentar aqui e escolheram permanecer.

No entanto, nos últimos anos, as opções populares de moradias foram drasticamente reduzidas, aumentando a previsão de um considerável aumento no déficit habitacional em nossa cidade. Estratégias políticas mal-intencionadas, assim como as “fake news”, têm contribuído para prejudicar a população no médio e longo prazo. Portanto, é crucial que o próximo prefeito de Itapira reflita sobre a implementação de programas habitacionais, casas e terrenos populares.

A moradia transcende a individualidade, abriga histórias e representa um local sempre disponível para acolher seus moradores. Não é um simples espaço; merece, sobretudo, respeito. E quem se beneficia disso é a cidade como um todo.

*COMPARAÇÃO CRESCIMENTO DA POLULAÇÃO ENTRE 1970 E 2022

CENSO 1970 CENSO 2022 CRESCIMENTO
BRASIL 93.000.000 220.000.000 237%
ESTADO DE SÃO PAULO 18.000.000 44.000.000 244%
MOGI GUAÇU 37.000 153.000 414%
MOGI MIRIM 32.000 92.000 288%
AMPARO 32.000 68.000 213%
ITAPIRA 39.000 72.000 185%

 

Por: Nino Marcati

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