Detecção precoce permite 90% de chance de cura do câncer de próstata
Há 21 anos, uma brincadeira entre amigos na Austrália daria início ao que hoje conhecemos como Novembro Azul. A campanha traz luz para a necessidade dos cuidados com a saúde masculina e, principalmente, ressalta a importância da prevenção e diagnóstico precoce de doenças que afetam os homens, como o câncer de próstata.
Estudos da área indicam que no Brasil, a cada sete minutos, um homem descobre estar com esse tipo de câncer que é silencioso e não apresenta sintomas nas fases iniciais. No caso dessa doença, a detecção precoce pode significar 90% de chances de cura, face a menos de 20% caso seja descoberta em estágio avançado.
Mesmo assim, há um tabu quanto à ida ao urologista, profissional responsável pelo trato geniturinário masculino. Pesquisas indicam que 44% dos homens no Brasil nunca tenham feito uma consulta com esse profissional e isso reflete em dados alarmantes. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, 44 homens morrem por dia no Brasil, em decorrência desse câncer. Isso faz com que o câncer de próstata seja o mais comum entre os homens, à exceção do câncer de pele não melanoma.
Enfrente o preconceito
Há duas formas dele ser detectado: por meio de exame de sangue (PSA) ou por exame de toque retal, que apesar de ser motivo de zombaria entre o público masculino, pode detectar alterações na próstata em menos de dez segundos. O exame do toque retal é rápido e, por meio dele, podem ser diagnosticadas doenças que nem sempre são descobertas pelo exame de sangue. O método também pode ser aplicado para outras doenças como hemorroidas, câncer de intestino e fissura anal.
Dada a importância do exame, todos os homens a partir dos 50 anos de idade, precisam ir anualmente ao urologista. Aqueles que tiverem em seu histórico, parentes de primeiro grau diagnosticados com câncer de próstata ou de mama, e pessoas da etnia negra precisam procurar o médico ainda antes, a partir dos 45 anos, por terem maior propensão para a doença.
Urologista certificado em cirurgia robótica da Oncomed-MT, Fernando Leão, acredita que o primeiro passo seja a conscientização quanto à importância de os homens irem ao médico. “As meninas são ensinadas desde a menarca a se consultarem com um ginecologista. Já os homens, não recebem esse direcionamento quando jovens e acabam por não dar a real importância dos cuidados com a saúde”, explica. De acordo com o profissional, campanhas como o Novembro Azul tem transformado aos poucos essa realidade. Com a difusão do conhecimento, cada vez mais jovens procuram os consultórios.
Outra barreira a ser quebrada é cultural. Segundo o urologista, o motivo apresentado por muitos homens por não irem ao médico, é por não poderem faltar ao trabalho, devido a responsabilidade de prover a casa. “Mas se você identificar uma doença em estágio inicial, as chances de ter uma qualidade de vida para continuar mantendo a sua família será muito maior. Quando a doença já é detectada em estágio de metástase, nem se fala em cura, o que vai impedir esse homem de manter o seu trabalho e cuidar do seu lar”, destaca.