Gazeta Itapirense

Em três anos, CREM já atendeu 994 mulheres vítimas de violência

Os números assustam, mas é uma triste realidade em Itapira. Apesar de todas as punições contra os agressores, a mulher continua sendo vítima de violência, seja ela física, patrimonial ou mental.

Os dados preocupantes se referem somente aos atendimentos realizados no CREM (Centro de Referência Especializado da Mulher) desde a sua criação, que ocorreu em maio de 2021.

Até o momento foram 994 atendimentos realizados, sendo 326 de maio de 2021 a dezembro de 2022, 390 em 2023 e 278 de janeiro até junho de 2024.

“Este foi o primeiro projeto que o prefeito Toninho Bellini colocou em prática neste seu mandato. O CREM começou a atuar em maio de 2021, pois sabíamos que, devido à pandemia de COVID, as mulheres ficavam mais em casa e as que já sofriam violência passaram a sofrer ainda mais. Por isso a iniciativa de criar o CREM o mais rápido possível”, destacou a secretária Regina Ramil, responsável pela Secretaria de Promoção Social, pasta ao qual o CREM está ligado.

Regina Ramil: “Aqui em Itapira a maioria dos casos é em relação ao companheiro, mas temos casos de filhos, de netos”

Destinado ao acolhimento e atendimento humanizado às vítimas de violência, o local tem como público-alvo mulheres em situação de violência.

O trabalho do CREM foca em contribuir para a diminuição das ações de indiferenças, nas questões de desigualdades de gênero, as quais reforçam a cultura da violência contra a mulher e ofertar serviços que fortaleçam a autoestima e autonomia pessoal e social para a superação do trauma.

Regina destacou que, ao contrário do que se pensava, a mulher vítima de algum ato covarde vai atrás de atendimento por conta própria: “esperávamos que elas viriam após passarem pelo CRAS, ou Conselho Tutelar, por exemplo, mas elas vão por iniciativa própria direto ao CREM porque pegaram confiança no serviço”.

Raio X dos ataques

Indagada sobre o ‘mapa’ da violência feminina na cidade, Regina apontou algumas características:  a maioria das mulheres é da região da Vila Ilze, pertencentes ao território do CRAS I; seguida do Nosso Teto, território do CRAS II; 70% procuram o serviço de forma espontânea;  faixa etária de 18 a 39 anos de idade; a incidência de violência em sua maioria está ligada ao companheiro, mas existe casos com outros membros da família também, como filhos e netos; Apesar da maioria dos casos ser da Vila Ilze, os “mais graves” aconteceram na zona rural (risco de feminicídio/morte).

Outro dado em relação à violência contra as mulheres revela que a maioria das atendidas são brancas.

“Aqui em Itapira a maioria dos casos é em relação ao companheiro, mas temos casos de filhos, de netos, de companheira no caso de duas mulheres viverem juntas, mas a prevalência é do companheiro”, disse a secretária.

Sobre a idade das vítimas, apesar de haver uma média, há casos isolados, como o de uma mulher de 68 anos que sofre violência há mais de 35 anos do mesmo marido. Metade da vida passou sofrendo.

Mas os casos mais emblemáticos registrados no CREM se deram na zona rural: “os mais graves são na zona rural. Não sabemos se é cultural, ou se é por causa de acesso, ficando assim a violência mais escondida. São casos em que as mulheres quase morreram, escaparam por poucos. Teve uma que ficou internada em coma por três meses na UTI”.

Outro dado alarmante é em relação à mulher grávida: “tem nos chamado a atenção o ataque à gestante, temos no momento seis em acompanhamento com episódios graves de violência”.

Crueldade

Regina Ramil elencou casos inacreditáveis que foram registrados.

Uma descobriu que estava com câncer e com o tempo o marido entendeu que ela não tinha mais utilidade para ele como mulher, começando a judiar dela. O monstro colocou ela para dormir em um colchão no chão, passando também a esconder seus documentos e negando dinheiro para sua sobrevivência.

Ela então passou a fazer refeição para vender e ganhar seu dinheiro. Foi aí que a face cruel dele se mostrou sem limites. “ele passou a trancar o gás e nem comer ela conseguia, pois não tinha como ligar o fogão, nem pra sua sobrevivência ela podia cozinhar. Somente quando ele chegava à tarde que abria onde o gás ficava trancado para fazer a janta pra ele”, contou Regina Ramil.

 

Cerco aos criminosos

Entre as várias ações tomadas pela administração do prefeito Toninho Bellini para proteger a mulher vítima de ataques, destaque para a Ronda Guardiã Maria da Penha, da Guarda Municipal.

Além disso todas as mulheres da GM são treinadas e em todos os plantões tem uma em serviço: “uma mulher vítima de violência não quer ser atendida por homem, ela quer uma mulher. Lógico que o guarda municipal masculino vai junto, mas é a mulher que atende. A Patrícia (chefe da GM) tem o cuidado de montar todas as equipes com uma mulher e todas são capacitadas”.

Além disso um aplicativo chamado ‘Botão Guardião’ auxilia a mulher vítima de violência em seu dia a dia. Se sofrer qualquer ataque, basta acessar o dispositivo que as viaturas da Guarda Municipal recebem o alerta, indo ao socorro de forma imediata e com a devida localização.

As mulheres estão se sentindo mais protegidas e isso fez com que elas se encorajassem para denunciar seus agressores.

O CREM passou a oferecer aulas de defesa pessoal para que a vítimas saibam como lidar com a situação diante do ataque de algum marmanjo barbado. Ela aprende a se proteger até que o socorro chegue.

Nestes pouco mais de 03 anos foram aplicadas 380 medidas protetivas.

 

Serviços ofertados

O leque de serviços oferecidos no CREM é grande e abrange várias áreas:

– Atendimento e acompanhamento psicossocial e jurídico, realizado por uma equipe multidisciplinar.

– Apoio sócio-jurídico necessário a cada caso específico.

– Atendimentos individuais, grupos, palestras, campanhas educativas e encaminhamentos para outros serviços.

– Incentivo à inserção ao mercado de trabalho.

 

Quando devo procurar o CREM?

– Seu relacionamento lhe causa angústia?

– Seu relacionamento te deixa com baixa autoestima?

– Em seu relacionamento você sofreu abuso fisicamente, moralmente, psicologicamente, sexualmente ou patrimonialmente?

– Violência Moral: Calúnia, difamação e injúria;

– Violência Patrimonial: Dano, Perda, Subtração, Destruição ou Retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores;

– Violência Sexual: Ser obrigada a manter, presenciar ou participar de ato sexual sem consentimento, proibir métodos contraceptivos, entre outros.

– Violência Psicológica: manifesta por meio da manipulação, ameaça, humilhação ou isolamento;

– Violência Física: Atinge a integridade física, desde empurrões, podendo em casos mais graves, levar ao feminicídio.

 

Dados Complementares:

Equipe:

Coordenadora

Assistente Social

Psicóloga

Educadora Social

Apoio Administrativo

Apoio higiene e limpeza

 

Pontos Chaves:

Trabalho em rede e intersetorial, especialmente com a segurança pública e com a saúde;

Capacitações contínuas, tanto na esfera pública como na privada;

Parcerias com empresas para fortalecimento da autoestima dessas mulheres (Lowell), parcerias com empresas da cidade em campanhas especificas para aquisição de objetos de uso pessoal (os quais o agressor não permite que comprem e não compram para elas, exemplo absorventes, shampoo, creme dental, cremes, etc.);

Aulas de Defesa pessoal

Botão do Pânico

Parceria com a ‘Associação Ela é Dela’ para atendimento e orientação sociojurídico

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