Gazeta Itapirense

Artigo: Viver é envelhecer?, por Nino Marcati

Num dia especial, reunimos amigos numa chácara, entre eles, um grande violonista itapirense. Seus dedos, outrora hábeis em animar nossos encontros, não mais respondiam. Ele sinalizava uma possível depressão senil. Convidamo-lo para ajudá-lo e, em meio à conversa, fiz-lhe uma pergunta simples: “Você, com seus 86 anos de vida tão bem vividos, já viu muitos amigos partirem?” Ele me olhou, refletiu em silêncio por um instante e, finalmente, respondeu: “Ah, foram tantos! Perdi até a conta. Foram cedo demais.” A partir desse momento, ele se abriu, contando histórias vividas, rindo das brincadeiras típicas de um churrasco entre amigos. Percebi que ele havia captado algo óbvio: embora envelhecer possa não ser fácil, há muitas coisas boas para se recordar e valorizar. Vale a pena!

O processo de envelhecimento é inevitável e influenciado por fatores genéticos, ambientais e metabólicos. Atualmente, cientistas dedicam-se a compreender as causas biológicas do envelhecimento, buscando maneiras de retardar ou até mesmo deter seus sinais. Estima-se que os consumidores gastem cerca de 60 bilhões de dólares anualmente em tratamentos antienvelhecimento, em busca de uma aparência mais jovem. O bioquímico Venki Ramakrishnan, agraciado com o Prêmio Nobel de Química, abordou essas questões em seu livro “Why We Die: The New Science of Aging and the Quest for Immortality” (Por que morremos: a nova ciência do envelhecimento e a busca pela imortalidade).

Num futuro próximo, espera-se uma significativa ampliação da expectativa de vida, assim como vimos saltar de 25 para os 45 anos, do início dos tempos até meados do século passado e, posteriormente, para os 75. Para garantir um envelhecimento saudável, medidas como alimentação equilibrada e moderada, exercícios físicos regulares, consultas médicas periódicas e uso adequado de medicamentos são cada vez mais adotadas.

Envelhecer com serenidade implica aceitar as mudanças físicas e emocionais de forma positiva, mantendo-se ativo e valorizando os relacionamentos familiares e de amizade. Como diz Zeca Pagodinho, deixemos a vida nos levar.

Por Nino Marcati

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