Apito da Penha S/A: a história do ‘relógio’ do itapirense
Toda cidade, seja ela grande ou pequena, tem lá as suas marcas registradas, suas lendas urbanas e algumas curiosidades. Aqui em Itapira não poderia ser diferente. Nós temos alguns sons que marcaram a vida da cidade e até a rotina daquele que habita esse solo.
Em tempos remotos o apito do trem Maria Fumaça trazia pessoas, mercadorias e notícias enquanto que o apito da fábrica de chapéus Sarkis balizava o dia a dia de nossa gente.
Atendendo pedidos de alguns leitores, reproduzimos esta matéria que foi publicada em 2021 no portal A Gazeta itapirense.
Há algum tempo é o apito da Fábrica de Papel e Papelão Nossa Senhora da Penha S/A quem ocupa o posto de ‘relógio oficial de Itapira’. Não que seja como o badalar do sino da Matriz de Nossa Senhora da Penha (hoje quebrado) que batia a cada meia hora, mas a maioria das pessoas que mora aqui segue, de alguma forma, o apito da Penha.
Seja as 06 ou 07 da manhã para acordar, às 11 horas na hora do almoço, às 14 horas para aquele cafezinho da tarde, ou às 18 horas quando chega a hora do descanso para milhares de itapirenses. Não podemos esquecer o apito das 22 horas, que já anuncia a chegada de uma boa noite de sono.
Se para quem mora na cidade estes apitos servem para muitas vezes ditar o dia a dia, para os funcionários da Penha S/A cada vez que o som aparece tem um significado.
Às 06 entrada/saída de turnos da produção; 07 horas entrada do pessoal da manutenção e outros setores; 11 horas almoço; 14 horas entrada/saída de turnos da produção, 18 horas saída de turno, 22 horas entrada/saída de turnos da produção.
Fomos saber como ‘nasce’ o apito da Penha, em companhia da sempre atenciosa Larissa Ferian, do departamento de Marketing, que nos apresentou a dois funcionários da empresa diretamente ligados ao artefato.
Joel Raimundo de Almeida é operador de caldeira e tem quase 34 anos de ‘casa’. Ele contou que o apito na verdade vem do exato momento em que o vapor das caldeiras é solto: “muita gente fala que segue o apito para suas rotinas em casa ou no serviço. Eu também sigo”, disse. É bom frisar que esta fumaça é um vapor de água, portanto não polui e nem agride o meio ambiente.
Ele lembrou do dia em que a peça que faz parte do apito se quebrou após uma falha técnica: “o povo perguntava pra gente na rua o que tinha acontecido, porque parou de apitar. Até o ‘seo’ Edson (Shiguematsu, atual diretor-presidente da Penha) veio questionar a gente porque deu falta”, lembrou.
Foram cerca de 10 dias sem o apitar da caldeira da Penha, até que fosse devidamente consertado.
O supervisor de Utilidade, Vitor Aparecido Farias, nos detalhou a função da caldeira mais famosa da cidade: “ela aquece o cabeçote da onduladeira que trabalha na secagem do papel”, explicou Vitor Farias. O papel é colado com cola de amido, e se transforma em chapa, a ‘mãe’ da caixa de papelão.
Tomara que o apito da Penha S/A continue na ativa por muito tempo, pois sabemos que ele é sinônimo de geração de milhares de empregos, além de deixar viva em nossas mentes a certeza de que o passado nunca nos deixou.
Veja no vídeo abaixo o exato momento em que o apito é acionado e o vapor sai: